O Estado de São Paulo investiga doze mortes por reação à vacina de febre amarela. Segundo o secretário estadual da Saúde, David Uip, a maioria das vítimas não morava em área de risco. Além dos casos que estão em análise, o estado já confirmou três mortes por reação à vacina.
Como funciona a vacina
A vacina contra a febre amarela é feita com vírus atenuado. Isso significa que ele se multiplica no corpo, mas tem uma capacidade de agressão reduzida, em comparação com o vírus vivo. “O vírus atenuado ensina o corpo a reconhecer o microrganismo causador da doença e a montar uma resposta imunológico que neutraliza esse vírus. Então, em dez dias, o organismo aprende a lidar com esse vírus e o elimina totalmente do corpo, criando uma resposta imunológica duradoura e 100% eficaz contra novas infecções. Por isso, se um dia esse organismo for submetido ao vírus vivo, eles já têm uma resposta pronta.”, explica Antônio Bandeira, coordenador de arboviroses da Sociedade Brasileira de Infectologia.
Possíveis eventos adversos
Entretanto, o uso de um vírus atenuado significa que há uma capacidade e uma probabilidade de manifestações semelhantes à doença. Por isso, cerca de 5% das pessoas desenvolvem sintomas leves como febre, dor de cabeça e dor muscular de cinco a dez dias após a aplicação do imunizante.
Mais raramente, em uma proporção de 1 a cada 500.000, há uma manifestação grave com um quadro semelhante à doença, chamado doença viscerotrópica aguda, que pode levar à morte. “É como se o vírus atenuado ganhasse força. Não sabemos por que isso acontece nem em quem vai acontecer. É uma reação associada ao organismo de cada um.”, diz Bandeira.
Sabe-se, porém, que alguns grupos correm maior risco de apresentar essas reações. Exemplos: idosos, portadores de HIV, transplantados, gestantes ou pessoas com doenças autoimunes (como artrite reumatoide e lúpus) e pacientes com câncer devem consultar um médico para checar se o benefício da vacina compensa o risco.
Transplantes
Nesta quarta-feira, o secretário revelou também que já foram realizados seis transplantes de fígado como opção de tratamento para pacientes com febre amarela grave no Estado de São Paulo. Cinco procedimentos foram realizados no Hospital das Clínicas, na capital, e todos os pacientes estão se recuperando. O sexto transplante foi realizado no hospital da Unicamp, em Campinas, e, infelizmente, o paciente não resistiu e morreu.
Apesar de bem-sucedida, é preciso ressaltar que essa abordagem inédita tem alto custo. Segundo Uip, o valor gasto com um transplante dessa natureza é de cerca de 90.000 dólares (aproximadamente 306.000 reais).