O Instituto Adolfo Lutz, órgão ligado ao governo do estado de São Paulo, confirmou nesta quinta-feira, 15, que a morte da adolescente de 16 anos que estava internada em um hospital particular de Campinas, no interior paulista, foi causada por febre maculosa. Ela teria sido infectada em um evento realizado em uma fazenda no município, onde foi constatado um surto da doença, após a morte de outras três pessoas.
A jovem foi internada no dia 9 de junho e morreu na noite da última terça-feira, 13, no mesmo dia em que o instituto confirmou que as mortes de três pessoas, um homem e duas mulheres, que estiveram no evento realizado em 27 de maio Fazenda Santa Margarida foram causadas pela doença, uma infecção transmitida pelo carrapato-estrela contaminado pela bactéria Rickettsia rickettsii.
Nesta quinta-feira, 15, a prefeitura de Campinas anunciou que vai distribuir 40 totens informativos, 350 placas, 500 cartazes e 1,5 mil panfletos sobre os riscos da doença e sintomas em áreas verdes da cidade, como parques e bosques.
“A ideia é ampliar a comunicação nos parques públicos, reforçando a sinalização e comunicação de risco em locais já sinalizados e repondo onde as placas estão desgastadas, avariadas ou foram perdidas. Vamos aumentar o material informativo em áreas verdes de grande circulação de pessoas”, disse, em nota, a bióloga da Unidade de Vigilância de Zoonoses (UVZ) Heloísa Malavasi.
Outras mortes
Uma das vítimas foi o empresário e piloto do Campeonato Paulista de Automobilismo (C300 Cup) Douglas Costa, de 42 anos, que morreu na última quinta-feira, 8. Ele e a namorada, uma dentista de 36 anos que morava na capital, estiveram na Fazenda Santa Margarida, localizada no distrito de Joaquim Egídio (em Campinas), e apresentaram febre, dores e manchas pelo corpo.
Segundo a prefeitura de Jundiaí, cidade onde Costa morava, ele foi internado no dia 7 em um hospital particular e médicos investigavam suspeita de dengue, leptospirose ou febre maculosa. No dia seguinte, ele morreu. A namorada do piloto, de 36 anos, morreu no mesmo dia.
A prefeitura de Campinas confirmou a morte de uma mulher de 28 anos moradora de Hortolândia, que esteve no mesmo evento e também morreu no dia 8.
“Os responsáveis pela fazenda foram notificados sobre a importância da sinalização quanto ao risco da febre maculosa. Essa informação é imprescindível para que a pessoa adote comportamentos seguros ao frequentar estes espaços e também para que, após frequentar, se apresentar sinais e sintomas, informe o médico e facilite o diagnóstico”, informou, em nota, a gestão municipal. Nos próximos dias, equipes do Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa) vão verificar o quadro de infestação por carrapatos no local.
De acordo com os últimos dados da Secretaria de Estado da Saúde, foram registrados 17 casos da doença com oito mortes neste ano. No ano passado, em todo o estado, foram 63 episódios com 44 óbitos confirmados.
Febre maculosa
A febre maculosa é causada por carrapatos infectados pela bactéria Rickettsia rickettsii e tem como principal sintoma a febre alta, algo que costuma fazer com que ela seja confundida com outras doenças. A transmissão ocorre após o carrapato ficar, ao menos, quatro horas fixado à pele.
Assis, as regiões mais periféricas da região metropolitana de São Paulo e o litoral paulista são regiões onde a doença é detectada, mas os casos se concentram em Campinas e Piracicaba.
A secretaria recomenda que “pessoas que moram ou se deslocam para áreas de transmissão estejam atentas ao menor sinal de febre, dor no corpo, desânimo, náuseas, vômito, diarreia e dor abdominal e que procurem um serviço médico informando que estiveram nessas regiões para fazer um tratamento precoce e evitar o agravamento da doença”. Regiões onde há transmissão de febre maculosa em São Paulo podem ser encontradas aqui.
O tratamento é feito com um tipo específico de antibiótico que deve ser administrado dois a três dias após a manifestação dos sintomas e tomados por dez a 14 dias.