Uma semana após o anúncio de que doses da vacina da dengue seriam redistribuídas para contemplar cidades que decretaram estado de emergência para epidemia da doença, o Ministério da Saúde informou nesta quarta-feira, 27, que 154 municípios foram incluídos na lista de localidades que vão vacinar a população de 10 a 14 anos. Entre as capitais, São Paulo e Recife foram contempladas e a previsão é de que as doses comecem a ser aplicadas na próxima semana.
O remanejamento também considera o fato de que doses da vacina Qdenga, doadas pela farmacêutica Takeda, estão perto do vencimento. Segundo balanço do ministério, são 668 mil com validade prevista para 30 de abril, 523 mil para junho e 84 mil em julho.
“Não podemos deixar essas doses vencerem. Diante disso, o ministério trouxe uma solução: redistribuir, dentro das unidades federadas, ou seja, dentro dos estados, para municípios que ainda não foram contemplados”, disse, em coletiva, Eder Gatti, diretor do Departamento do Programa Nacional de Imunização (DPNI).
Por determinação da pasta, a redistribuição ocorrerá para municípios de estados que já receberam o imunizante. O Mato Grosso do Sul não vai fazer parte da estratégia, porque todos os municípios já foram contemplados, mas as doses que sobrarem no estado e no Distrito Federal serão remanejadas para o Amapá.
A cidade de São Paulo, uma das contempladas, decretou emergência por epidemia da doença decretou emergência por epidemia no último dia 18 e, na ocasião, a prefeitura informou que enviaria o quarto ofício ao governo federal solicitando doses para a capital paulista.
Alguns dos selecionados para receber vacina contra a dengue
- São Paulo – SP
- Recife – PE
- Central – ES
- Betim – MG
- Uberaba – MG
- Uberlândia/Araguari – MG
- Apucarana – PR
- Grande Florianópolis – SC
- Aquífero Guarani – SP
- Região Metropolitana de Campinas – SP
- São José do Rio Preto – SP
Surto de dengue
O país enfrenta uma forte alta de casos de dengue desde as primeiras semanas de 2024 e o número de casos no Brasil já ultrapassou os registros de todo o ano de 2023, quando foram contabilizados 1.658.816 casos e 1.094 mortes pela doença.
Neste ano, foram registrados 2.323.150 casos da doença e 831 mortes. Outros 1.269 óbitos estão em investigação. O número de notificações até o momento é o maior dos últimos dez anos. No início de fevereiro, o ministério divulgou a estimativa de que o número de casos de dengue no país pode chegar a 4,2 milhões em 2024, índice que seria um recorde.
Vacina contra a dengue
O Distrito Federal e o estado de Goiás foram os primeiros a receber doses da vacina contra a dengue, dando início à campanha de imunização que, no momento, está concentrada na faixa dos 10 aos 14 anos de idade. Além dessas localidades, Acre, Amazonas, Bahia, Espírito Santo, Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Roraima, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins também receberão doses, que seriam distribuídas, inicialmente, a 521 municípios.
Eles foram selecionados por serem locais com mais de 100 mil habitantes que estão com predominância do sorotipo 2 da doença e tiveram números altos de notificações desde o ano passado. Também são pontos que registraram índices elevados de infecção nos últimos dez anos.
O grupo prioritário foi escolhido por ser o mais afetado por episódios que levam à internação.
Em outubro do ano passado, a OMS recomendou a vacinação contra a doença com foco principalmente em crianças e adolescentes de 6 a 16 anos em países endêmicos, caso do Brasil. Por aqui, o imunizante Qdenga, da farmacêutica japonesa Takeda, foi liberado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) meses antes, em março.
O Ministério da Saúde seguiu a recomendação da entidade e vai ofertar o imunizante para essa faixa etária. Com a medida, o Brasil se tornou o primeiro país a incluir a vacina no sistema público de saúde.
Reações adversas da vacina
O Ministério da Saúde apresentou esclarecimentos sobre uma nota técnica com dados sobre eventos adversos relacionados à vacina contra dengue, a Qdenga, incorporada no Programa Nacional de Imunizações (PNI) e aplicada no público de 10 a 14 anos.
Segundo o documento, entre as 365 mil doses aplicadas das redes pública e privada, foram relatadas 529 notificações, das quais 70 foram reações alérgicas, como hipersensibilidade e anafilaxia.
Os casos são considerados raros e especialistas recomendam que os pais continuem levando filhos a postos de vacinação para protegê-los contra infecção causada pelo mosquito Aedes aegypti.