A agência federal americana Food and Drugs Administration (FDA) acaba de dar aprovação completa para o lecanemabe, vendido como Leqembi, um novo tratamento para o Alzheimer criado pelas biofarmacêuticas Biogen e Eisai.
O remédio já havia sido liberado para uso clínico em janeiro, com base em evidências de seu impacto em pacientes com Alzheimer em estágio inicial. As associações de planos de saúde dos EUA, no entanto, pediram uma revisão da decisão para poder se preparar para os custos de distribuir a medicação aos seus assegurados.
Lecanemabe é um anticorpo intravenoso projetado para remover depósitos de beta-amiloide que ainda não se aglutinaram, um marcador da doença de Alzheimer, e aprovado apenas para pessoas que têm um diagnóstico recente da doença, ou seja, pacientes com uma farta quantidade dessas proteínas “ainda saudáveis” em seu cérebro.
A formação das placas debilita e destrói os neurônios com a progressão do Alzheimer. O objetivo do Leqembi é justamente ajudar a preservá-los por mais tempo.
Em um estudo em estágio avançado, o tratamento diminuiu o declínio na cognição e na função em 27% em comparação com um placebo durante 18 meses.
“Hoje o medicamento marca um avanço no tratamento da doença de Alzheimer e estamos orgulhosos de estar na vanguarda de uma nova era de avanços para uma doença que antes era considerada intratável”, disse o presidente-executivo da Biogen, Chris Viehbacher, em comunicado por e-mail.
Embora não represente uma cura, a medicação faz a evolução da doença, que afeta 55 milhões de pessoas pelo mundo, ser mais lenta.
Entretanto, nem todos vão poder ter acesso ao tratamento. Leqembi deve ser vendido a 26,5 mil dólares, quase 130 mil reais o conjunto de doses necessárias para um ano de tratamento.
Polêmicas
A chamada hipótese amilóide, na qual se sustenta o funcionamento do medicamento, foi contestada por alguns cientistas, particularmente após a controversa aprovação do medicamento Aduhelm pela FDA em 2021 com base em sua capacidade de remoção de placas, ao invés de mostrar qualquer retardamento do declínio cognitivo. A decisão foi contra até o painel de especialistas externos da agência, que desaconselhou a aprovação.
Hoje uma das grandes discussões na comunidade científica é até que ponto eliminar as placas beta-amiloide se traduziria em menos sintomas e no avanço da doença. Mais estudos deverão ser feitos para trazer essa resposta.