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‘Quiet beauty’: movimento contra harmonização facial é lançado em congresso

Iniciativa de dermatologistas defende procedimentos estéticos que valorizem beleza natural de pacientes, além de protocolos seguros e personalizados

Por Paula Felix Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 out 2024, 15h59 - Publicado em 3 out 2024, 19h08

No mundo da moda, o “quiet luxury” despontou no ano passado para prezar pela qualidade sem a ostentação de marcas e detalhes que apontassem o valor das peças. Com base nessa tendência, uma dupla de dermatologistas brasileiros resolveu pegar o termo emprestado e lançou nesta quinta-feira, 3, o “Movimento Quiet Beauty” (algo como beleza silenciosa) com o intuito de combater a ideia de que é necessário modificar o rosto e mostrar que a beleza natural deve ser valorizada. Trata-se de um manifesto contra a “harmonização facial”, tipo de procedimento que, quando realizado com exageros e sem técnicas adequadas, pode causar deformações e impactar a saúde mental dos pacientes.

O movimento foi apresentado no primeiro dia do Medical Advanced Aesthetic Congress (MAAC), congresso dedicado às novidades nos tratamentos com injetáveis realizado na capital paulista. A proposta é separar o trabalho realizado por dermatologistas para correção de pontos que incomodam os pacientes ou mesmo tratamentos para atenuar efeitos do envelhecimento dos preenchimentos e métodos que levam a resultados artificiais, como lábios desproporcionais e bochechas saltadas.

“Em um congresso, pensamos técnicas modernas e eficazes, mas existe um mundo paralelo lá fora com procedimentos que fazem com que o paciente pareça outra pessoa. Por isso, queremos dizer não para a harmonização facial e trazer a visão sobre a segurança e resultados naturais”, explica a dermatologista Eliandre Palermo, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica (SBCD).

A ideia é conscientizar médicos dermatologistas para que eles possam transmitir informações aos pacientes, que podem se interessar por algum procedimento inadequado e sofrer com as consequências, principalmente quando realizado por um profissional não habilitado, como no caso do empresário de 27 anos que morreu após fazer um peeling de fenol com uma influencer.

“Os procedimentos estão virando serviços de venda livre para qualquer pessoa e por qualquer pessoa, mas temos de nos lembrar sempre de que quem recebe o tratamento estético é um paciente. A banalização dos procedimentos tem levado a infecções, sequelas e mortes”, afirma. O movimento quer, então, reforçar a importância de protocolos seguros e personalizados.

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Redes sociais

Na visão do dermatologista André Braz, integrante da Sociedade Brasileira de Dermatologia e também autor do movimento, a população acaba se encantando com resultados exibidos nas redes sociais, embora muitos deles tenham uma camada adicional de ilusão: os filtros.

“O filtro é um Photoshop (editor de fotos) de fácil acesso. Graças às redes sociais, as pessoas com transtorno de imagem têm plateia e precisamos mostrar que a saúde está acima de tudo.”

Segundo Braz, as pessoas precisam entender o conceito de beleza longe das pressões sociais e modismos e, caso tenham o interesse de fazer algum procedimento estético, devem se basear em propostas personalizadas sem copiar celebridades ou padrões difundidos na internet. “A beleza tem o caráter social, mas também cultural e cronológico. Isso precisa ser respeitado.”

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Mercado de estética em crescimento

O mercado de estética está em pleno crescimento não só no Brasil, mas em todo o globo. Um estudo do Boston Consulting Group (BCG) sobre perspectivas de gastos com procedimentos estéticos realizado com 5.000 consumidores dos dez principais mercados globais — o Brasil está entre eles — mostrou que 50% dos entrevistados pretendem aumentar os gastos com a aparência no próximo ano e 35% devem manter os investimentos atuais.

Este é um setor avaliado em 20 bilhões de dólares com mercado potencial global de 460 milhões de consumidores, dos quais 50 milhões estão no Brasil.  O BCG estima um crescimento deste mercado de 6% ao ano, chegando a 27 bilhões de dólares até 2028.

“Essa previsão otimista se baseia em diversos fatores, incluindo a crescente busca por procedimentos menos invasivos, como aplicações de toxina botulínica e preenchimentos dérmicos, especialmente entre os consumidores mais jovens que buscam tratamentos preventivos”,
explicou, em comunicado, Filipe Mesquita, diretor executivo e sócio do BCG.

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