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Após morte de jovem, Anvisa proíbe uso de produtos à base de fenol

Determinação da agência considera falta de estudos que comprovem segurança do produto e vale para procedimentos de saúde em geral e estéticos

Por Paula Felix Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 25 jun 2024, 09h50 - Publicado em 25 jun 2024, 09h36

Após a morte de um jovem de 27 anos após fazer um peeling de fenol em São Paulo no início do mês, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determinou a proibição da importação, fabricação, manipulação, comercialização, propaganda e uso de produtos à base de fenol. A resolução, publicada nesta terça-feira, 25, é válida para procedimento de saúde em geral e estéticos. Segundo a agência, a medida é cautelar e considera do fato de que, até o momento, não foram apresentados estudos que comprovem a eficácia e a segurança do produto nessas aplicações.

O caso do empresário Henrique Silva Chagas chocou o país por ter sido uma morte prematura e pelas imprudências relacionadas ao procedimento no desenrolar das investigações. Chagas passou mal e morreu depois de fazer o peeling de fenol com a influencer Natalia Fabiana de Freitas Antonio, mais conhecida como Natalia Becker, que não era habilitada para realizar a intervenção e tinha realizado apenas um curso on-line. A polícia investiga o caso como homicídio com dolo eventual, quando se assume o risco de óbito.

“A determinação ficará vigente enquanto são conduzidas as investigações sobre os potenciais danos associados ao uso desta substância química, que vem sendo utilizada em diversos procedimentos invasivos”, informou, em nota, a agência. “A Anvisa reforça que a medida cautelar foi motivada por preocupações com os impactos negativos na saúde das pessoas e reflete o compromisso com a proteção à saúde da população brasileira.”

Procedimentos deveriam ser realizados por médicos

Com a repercussão do caso de Chagas, o Conselho Federal de Medicina (CFM) emitiu um comunicado informando que apenas médicos poderiam realizar procedimentos estéticos invasivos e que cerca de 10 mil boletins de ocorrência e processos judiciais por crime de exercício ilegal da medicina foram registrados entre 2012 e 2023 no Brasil.

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Segundo o órgão, procedimentos dessa natureza devem ser realizados apenas por médicos e, de preferência, com especialização em dermatologia ou cirurgia plástica. “Mesmo realizado por médicos, todo procedimento estético invasivo deve ocorrer em ambiente preparado com obediência às normas sanitárias e estrutura para imediata intervenção de suporte à vida, em caso de intercorrências.”

Peeling de fenol

O peeling de fenol se popularizou nas redes sociais por apresentar resultados de visível transformação da textura e viço da pele, mas também por ser um processo extremamente agressivo e que deixa a pessoa irreconhecível nos dias que se seguem após a aplicação dos produtos que levam a um processo de intensa descamação.

Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia, o tratamento é indicado para pessoas com envelhecimento facial severo que leve ao comprometimento da textura da pele e rugas profundas.

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“Devido ao uso de um composto tóxico absorvido pela pele e, consequentemente, pela corrente sanguínea, o procedimento exige precauções rigorosas. É possível que ocorram complicações, como dor intensa, cicatrizes, alterações na coloração da pele, infecções e até mesmo problemas cardíacos imprevisíveis, independentemente da concentração, do método de aplicação e da profundidade atingida na pele”, informou a entidade médica em comunicado.

A SBD recomenda que o procedimento seja realizado, de preferência, em ambiente hospitalar. Diz também que o paciente deve estar anestesiado e sob monitoramento cardíaco.

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