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Queimadas aumentam chance de parto prematuro, aponta estudo

Eventos também podem contribuir para a má-formação congênita do bebê, segundo pesquisas da FGV

Por Diego Alejandro
Atualizado em 11 Maio 2023, 15h39 - Publicado em 11 Maio 2023, 13h51

A exposição a queimadas, variações de temperatura e poluição do ar durante os primeiros três meses de gestação favorecem o risco de nascimento de bebês prematuros, com má-formação congênita ou com baixo peso. É o que mostra um estudo da Escola de Políticas Públicas e Governo da Fundação Getulio Vargas (FGV EPPG).

Em relação a prematuridade, a região Sudeste registrou o maior impacto considerando a exposição às queimadas. O índice encontrou um aumento de risco em 31% para o bebê nascer prematuro caso as gestantes  tenham sido expostas a esse fenômeno durante o primeiro trimestre da gravidez. Já no Norte do país, a possibilidade de uma criança nascer prematura devido a queimadas aumenta em 5%.

O estudo cruzou dados dos mais de 190 mil nascimentos prematuros no país, entre 2001 e 2018, utilizando como base o DataSUS, e informações sobre queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Foram considerados apenas os nascimentos de bebês até a trigésima sétima semana de gestação, e de mães entre 18 e 45 anos.

O aumento de 100 focos de queimadas esteve associado a 18,55% de risco a mais de uma criança nascer com baixo peso na região Sul do Brasil, considerando que as mães tenham sido expostas a esses eventos durante os primeiros três meses. O artigo, que também identificou um crescimento de aproximadamente 1% para a região Centro-Oeste, teve a participação de pesquisadores do Canadá, Dinamarca e também dos Estados Unidos e foi publicado na revista científica The Lancet.

Outra pesquisa da FGV sobre má-formação congênita, entre 12 categorias, as mais relevantes foram na região do palato e nariz, que teve um aumento de 0,7%, doenças no sistema respiratório. As regiões mais afetadas pelo impacto das queimadas na má-formação congênita dos bebês foram no Norte, Sul e Centro-Oeste.

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De acordo com dados do Inpe, a temporada das queimadas no Brasil vai de junho a novembro. Nessa época são registradas as maiores quantidades de focos de incêndios florestais. A Amazônia e o Cerrado são os biomas mais atingidos, mas não os únicos.

Hipóteses

Uma das hipóteses para os resultados mais preocupantes estarem longe do chamado arco do fogo, nos estados do Norte e Centro-Oeste, é que “as gestantes da Região Norte, por estarem mais expostas ao longo da vida, podem desenvolver algum tipo de resistência quando comparadas às do Sul e Sudeste”, diz Weeberb Réquia, professor da Escola de Políticas Públicas e Governo da Fundação Getulio Vargas, que coordenou as pesquisas.

Outra teoria recai sobre a natureza do material queimado. “Há pesquisas que mostram que a queima da cana, por exemplo, é mais prejudicial à saúde do que a queima da matéria orgânica da floresta”, afirma o pesquisador. Os resultados encontrados por Réquia estão alinhados com pesquisas internacionais, muito mais numerosas em locais como os Estados Unidos, a Europa e a China.

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