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Queda de idosos: como evitar e agir em casos como o acidente de Lula?

Prevalência desse tipo de episódio chega a 25% na população de áreas urbanas; veja orientações para ter uma 'casa segura' e prevenir lesões

Por Paula Felix Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 22 out 2024, 14h38 - Publicado em 21 out 2024, 12h55

Quedas não são incomuns entre idosos tanto que a prevalência desse tipo de ocorrência chega a 25% na população que mora em áreas urbanas, segundo dados do Ministério da Saúde. Mesmo assim, acidentes como o que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sofreu neste sábado, 19, devem ser tratados com atenção e estratégias podem ser adotadas para evitá-los.

Assim como aconteceu com Lula, muitos dos tombos ocorrem em casa e podem levar a ferimentos. No caso do presidente, houve um corte na região da nuca, que foi suturado, e uma pequena hemorragia cerebral descoberta por ressonância magnética, mas o temor nesses episódios são as lesões graves.

“Quedas podem representar riscos principalmente para idosos, cujo organismo está fragilizado. Podem ocorrer fraturas na coluna vertebral, no quadril e no fêmur ou em outros ossos longos e no crânio. Também podem ocorrer traumatismos de pele (lacerações e escoriações), com extensão variável”, explica Feres Chaddad, neurocirurgião da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo.

Chaddad diz que é preciso ficar atento a quedas com grandes impactos, assim como de grandes alturas, pois elas podem resultar em lesões de órgãos, como fígado, baço e até os rins.

Caso o idoso bata a cabeça, é fundamental observar se o paciente responde e verificar o nível de dor, assim como os machucados visíveis. Dor de cabeça que não passa mesmo após tomar medicamentos, confusão mental, perda de força em alguma parte do corpo, alterações agudas da visão, vômitos, náuseas e sonolência são sinais de alerta. O monitoramento de sintomas neurológicos é importante, por isso, os médicos podem solicitar exames de imagem de acordo com o estado da pessoa.

Lula viajaria para reunião da Cúpula dos Brics (grupo econômico formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), mas cancelou a viagem e vai participar por videoconferência. O presidente será submetido a novos exames. Segundo o neurocirurgião, a recomendação costuma ser feita para pessoas que sofrem traumas na região da cabeça.

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“Viagens longas podem causar estresse para o corpo e alteração na pressão arterial, prejudicando a recuperação da pessoa. Estar em um ambiente novo ou desconhecido também é um fator de risco para novas quedas”, diz o médico. “Assim, viagens longas podem agravar os danos da queda e retardar a recuperação do organismo. Podem dificultar o pronto acesso a serviço médico de urgência e emergência, se necessário”, completa.

Por que idosos caem?

Em idosos, fatores ligados ao envelhecimento acabam se relacionando com os acidentes dentro ou fora de casa, conforme detalha o médico ortopedista Gustavo Sanchez, membro da Sociedade Brasileira de Trauma Ortopédico (SBTO).

“O paciente idoso tem um risco de queda aumentado porque tem mudanças fisiológicas naturais, como perda da massa muscular e, com isso, tem a diminuição da velocidade de reação. Ele também perde capacidade de audição e qualidade da visão, faz uso de medicações para outras doenças que podem causar tontura ou escuridão na visão.”

A prevenção acaba sendo palavra de ordem nesses casos e isso pode ser feito com o fortalecimento e ganho de massa muscular, monitoramento dos efeitos das medicações, além de mudanças na residência e nos calçados.

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“Falamos em ‘casa segura’, onde podemos colocar barras dentro do banheiro, interruptor perto da cama, evitar tapetes ou fios que passem no trajeto, muitos móveis no caminho de passagem, cuidado com chinelos e sapatos que não prendem no pé.”

Veja recomendações para uma casa segura

No quarto

  • Coloque lâmpada/lanterna e telefone perto da cama
  • Os armários devem ter portas leves e maçanetas grandes para facilitar a abertura
  • Dentro do armário, arrume as roupas em lugares de fácil acesso, evitando os locais mais altos
  • Substitua lençóis e acolchoado por produtos feitos por materiais não escorregadios, como por exemplo, algodão e lã
  • Não deixe o chão do quarto bagunçado

Na sala e corredor

  • Organize os móveis de maneira que tenha um caminho livre para passar
  • Instale interruptores de luz na entrada das dependências para que não seja necessário andar no escuro
  • Mantenha fios de telefone, elétricos e de ampliação fora das áreas de trânsito; nunca debaixo de tapetes
  • Nas áreas livres, coloque tapetes com as duas faces adesivas ou com a parte debaixo não deslizante
  • Não sente em cadeira ou sofás baixos, porque o grau de dificuldade exigido para se levantar é maior. Além disso, estes devem ser confortáveis e com braços
  • Remova peitoril de porta maior que 1,3 metro
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Na cozinha

  • Remova os tapetes que promovem escorregões
  • Limpe imediatamente qualquer líquido, gordura ou comida que tenham sido derrubados no chão
  • Armazene a comida, a louça e demais acessórios culinários em locais de fácil alcance
  • As estantes devem estar bem presas à parede e ao chão para permitir o apoio quando necessário
  • Não suba em cadeiras ou caixas para alcançar os armários que estão no alto
  • A bancada da pia deve ter de 80 a 90 cm do chão para permitir uma posição mais confortável

Na escada

  • Interruptores de luz devem estar instalados tanto na parte inferior quanto na parte superior da escada. Outra opção é instalar detectores de movimento que podem fornecer iluminação automaticamente
  • A escada deve estar iluminada do princípio até o fim
  • Mantenha uma lanterna guardada em algum lugar próximo, em caso de apagão
  • Remova os tapetes que estejam no início ou fim da escada
  • No caso de carpete fixo, selecione aquele que tenha cor sólida (sem desenhos ou muitas formas) para que seja possível visualizar claramente as bordas dos degraus
  • Coloque tiras adesivas antiderrapantes em cada borda dos degraus
  • Instale corrimões por toda a extensão da escada, em ambos os lados. Eles devem estar em uma altura de 76 cm acima dos degraus

No banheiro

  • Coloque um tapete antiderrapante ao lado da banheira ou do box para sua segurança na entrada e saída
  • Use tiras antiderrapantes dentro da banheira ou no chão do box
  • Instale barras de apoio nas paredes do banheiro
  • Duchas móveis são mais adequadas
  • Mantenha algum tipo de iluminação durante a noite
  • Substitua as paredes de vidro do box por um material não deslizante
  • Ao tomar banho, utilize uma cadeira de plástico firme com cerca de 40 cm, caso não consiga se abaixar até o chão ou se sinta instável

Vestimentas e outros cuidados

  • Faça exames oftalmológicos e físicos anualmente, em específico para detectar a existência de problemas cardíacos e de pressão arterial
  • Mantenha na dieta uma ingestão adequada de cálcio e vitamina D
  • Tome banhos de sol diariamente
  • Participe de programas de atividade física que visem o desenvolvimento de agilidade, força, equilíbrio, coordenação e ganho de força do quadríceps e mobilidade do tornozelo
  • Use sapatos com sola antiderrapante
  • Amarre o cadarço do calçado de forma firme e segura
  • Substitua os chinelos que estão deformados ou muito frouxos
  • Use uma calçadeira ou sente-se para colocar o sapato
  • Evite sapatos com salto ou com sola lisa
  • Evite ingestão excessiva de bebidas alcoólicas
  • Mantenha uma lista atualizada de todos os medicamentos que está tomando ou que costuma tomar, e dê para os médicos com quem faz consulta
  • Informe-se com seu médico sobre os efeitos colaterais dos remédios que está tomando
  • Certifique-se de que todos os medicamentos estejam claramente rotulados e guardados em um único local
  • Tome os medicamentos nos horários corretos e da forma orientada pelo médico
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Fonte: Ministério da Saúde

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