Um novo estudo controlado randomizado, publicado no New England Journal of Medicine, mostrou que os cálculos renais devem ser retirados por completo, e não serem deixados para trás como pequenas pedras nos rins assintomáticas. Segundo a pesquisa, são justamente essas pequenas pedras nos rins que podem levar o paciente a uma recaída.
“Geralmente, cálculos com menos de 6mm de diâmetro que não são o alvo primário de um procedimento não são removidos, mas monitorados porque os ‘secundários’ têm altas taxas de passagem bem-sucedida se se moverem para o ureter. Mas esse estudo mostrou que é importante também retirar essas pequenas pedras”, explica a médica nefrologista Caroline Reigada, especialista em Medicina Intensiva pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira.
Os pesquisadores estudaram 75 pacientes que foram tratados em várias instituições durante um período de 2015 a 2021. Cerca de metade deles teve apenas seu cálculo primário grande tratado, enquanto os outros tiveram cálculos primários e secundários removidos. “A recidiva foi definida como a necessidade de ir ao pronto-socorro ou realizar um procedimento adicional devido a uma recorrência ou se uma tomografia computadorizada de acompanhamento mostrasse que os cálculos secundários cresceram”, diz a médica. “A remoção dos cálculos secundários reduziu a taxa de recidiva em 82%, descobriram os pesquisadores, levando os autores a recomendar que os cálculos menores não devem ser deixados para trás”.
Os resultados da pesquisa apoiam a ideia da remoção de pequenos cálculos renais assintomáticos no momento da cirurgia de um cálculo maior, mas não entraram no mérito da indicação do procedimento em casos apenas de pequenas pedras. “Apesar dos resultados, mais estudos são necessários para determinar se o tratamento apenas de pequenas pedras é justificado, à medida que a tecnologia melhora e os custos e riscos da intervenção diminuem”, acrescenta Caroline.
Embora a remoção de cálculos menores possa aumentar a duração e o custo do procedimento, provavelmente seriam menores do que os associados à repetição do procedimento ou à visita ao pronto-socorro. “Alguns pacientes do estudo visitaram o departamento de emergência várias vezes e, em seguida, precisaram de cirurgia, segundo o relatório”, afirma a médica. “De qualquer forma, o estudo nos mostra que a remoção dos pequenos cálculos assintomáticos é benéfica quando viável e em pacientes que são candidatos a ter todos os cálculos tratados em um procedimento. Deixar as pedras para trás pode causar problemas no futuro”, finaliza.