Fazer a diferença pela ciência e a saúde dos brasileiros. Essa é a missão do Prêmio VEJA SAÚDE & Oncoclínicas de Inovação Médica ao distinguir, anualmente, iniciativas que, pela sua relevância, abrangência ou disruptividade, podem mudar, hoje ou amanhã, a eficiência, a assertividade e a sustentabilidade dos cuidados direcionados aos pacientes.
Na edição de 2024, o câncer, as doenças infecciosas e o autismo estiveram na mira dos oito projetos campeões, cada qual em sua categoria. Eles foram escolhidos por um júri técnico, formado por 40 expoentes da medicina e ciência brasileira, que avaliou os trabalhos submetidos de todas as regiões do país.
Os vencedores foram anunciados em uma cerimônia especial durante o Congresso Internacional Oncoclínicas e Dana-Farber na noite de 26 de setembro em Brasília. Conheça a seguir os vencedores das oito categorias.
Telemedicina e Plataformas Digitais: um programa de assistência remota a crianças com câncer
Destinada a iniciativas que permitem a prática médica à distância ou promovem o acesso à saúde para mais pessoas em regiões carentes de serviços de saúde, a categoria premiou o TeleOncoped, ferramenta que emprega a telemedicina para agilizar e simplificar o atendimento de crianças e adolescentes com suspeita de câncer. Profissionais na linha de frente que estão diante de casos suspeitos ganham conexão direta com especialistas, que ajudam a tirar dúvidas, solicitar exames e encaminhar os pacientes a centros de referência. A plataforma contempla ainda um espaço de capacitação à distância para treinar as equipes de saúde a reconhecer os sinais e sintomas do câncer infantojuvenil.
TeleOncoped: Fortalecendo a Rede Assistencial de Oncologia Infantojuvenil do Rio Grande do Sul
Autores: Algemir Lunardi Brunetto, Virgínia Tafas da Nóbrega, Amanda da Fontoura San Martin e Valéria Gerbatin Braz Foletto.
Instituição: Instituto do Câncer Infantil (ICI)
Inteligência Artificial na Transformação em Saúde: a plataforma que detecta e perfila o câncer de mama
Na categoria na qual, como o nome antecipa, a inteligência artificial é usada para melhorar a qualidade e acessibilidade do atendimento médico, o júri destacou um modelo capaz de identificar tumores de mama HER2, proteína associada à capacidade de proliferação da doença. A utilização de algoritmos acelera o processo e representa uma oportunidade de realizar testes em larga escala e aumentar a precisão dos diagnósticos. Automatizar a análise com IA pode reduzir custos relacionados ao tempo dos especialistas e ao uso de reagentes em múltiplos testes, especialmente em ambientes com poucos recursos, ampliando o acesso em regiões onde a presença de patologistas experientes é limitada.
Desenvolvimento e validação de uma plataforma de inteligência artificial para detecção de HER2 em câncer de mama
Autores: Renan Valieris, Luan Martins, Alexandre Defelicibus, Adriana P. Bueno, Cynthia APT Osório, Dirce M Carraro, Emmanuel Dias-Neto, Rafael Rosales e José Márcio B de Figueiredo e Israel Tojal da Silva.
Instituição: A.C. Camargo Cancer Center
Medicina Social: o projeto que capacita professores para identificar o autismo
Mais de 2 milhões de crianças são diagnosticadas com transtorno do espectro autista no país e calcula-se que 2,6 milhões tenham deficiência intelectual. Um dos principais ambientes para descobrir indícios dessas condições e poder trabalhar o desenvolvimento adequado dos pequenos é a escola. E é por isso que o projeto Sinais de Atenção na Primeira Infância mira professores e pedagogos. O programa avançou para 20 cidades nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, áreas com uma enorme demanda de formação. A iniciativa deve impactar mais de 14 mil profissionais, por meio de uma plataforma de ensino a distância com conteúdo multimídia que abrange dos marcos do neurodesenvolvimento a políticas públicas e práticas pedagógicas.
Programa Sinais de Atenção na Primeira Infância
Autores: Edward Yang, Kelly Cristina de Carvalho Freitas e Samanta Mazaroto Volpe.
Instituição: Instituto Jô Clemente (IJC)
Engajamento e Empoderamento do Paciente: um aplicativo contra a incontinência após a cirurgia da próstata
Os escapes de urina acometem cerca de 60% dos homens que passam por retirada da próstata. O problema abala a qualidade de vida e sua reabilitação é um desafio para o paciente e o sistema de saúde. A solução premiada, um aplicativo para tablets e celulares, fornece informações sobre a cirurgia e dicas sobre mudanças no estilo de vida e auxilia de forma interativa e gamificada na reabilitação. Batizada de IUProst, a ferramenta traz uma seção de exercícios de treinamento muscular do assoalho pélvico, a musculatura envolvida no controle da urina, vídeos tutoriais e relatos de pessoas em situação similar. A proposta é um tratamento mínimo de oito semanas, com exercícios para praticar três vezes ao dia.
IUProst 2.0 – Aplicativo mHealth para controle da incontinência urinária decorrente do tratamento cirúrgico para o câncer de próstata
Autores: Adriana Ferreira Machado, Anna Júlia Guimarães Batista, Cissa Azevedo, Fabrícia Eduarda Baia Estevam, Filipe Maciel de Souza dos Anjos, Heloisa Helena de Almeida Sanches Pinheiro de Britto, Hugo Miranda de Oliveira, Larissa Assis Caputo Figueiredo, Lívia Cristina de Resende Izidoro, Luciana Regina Ferreira da Mata, Marília Alves Hoffmann, Matheus Brito Martin, Noeli Antonia Pimentel Vaz e Sérgio Teixeira de Carvalho
Instituições: Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e Universidade
Federal de Goiás (UFG)
Medicina de Precisão e Genômica: a descoberta do mecanismo de escape do coronavírus
Um estudo liderado por uma pesquisadora brasileira desvendou o mecanismo que permite ao vírus da covid-19 escapar das células de defesa do organismo. Os profissionais envolvidos vasculharam os genes e proteínas virais e analisaram células do sistema respiratório de pacientes que haviam sido hospitalizados pela doença no Brasil. A resposta está em uma molécula específica, a ORF6, cuja presença impede a ação de proteínas que normalmente avisam o sistema de defesa de que há uma invasão viral e é preciso reagir contra ela. O achado, de repercussão internacional, abre caminho à formulação de antivirais capazes de impedir o mecanismo de escape de uma família de vírus que paralisou o planeta e ainda é fonte de preocupação.
Mecanismo de evasão da imunidade citotóxica mediada por NKG2D por coronavírus
Autores: Marcella Regina Cardoso, Jordan A. Hartmann,Maria Cecilia Ramiro Talarico, Devin J. Kenney, Madison R. Leone, Dagny C. Reese, Jacquelyn Turcinovic, Aoife K. O’Connell, Hans P. Gertje, Caitlin Marino, Pedro E. Ojeda, Erich V. De Paula, Fernanda A. Orsi, Licio Augusto Velloso, Thomas R. Cafiero, John H. Connor, Alexander Ploss, Angelique Hoelzemer, Mary Carrington, Amy K. Barczak, Nicholas A. Crossland, Florian Douam, Julie Boucau e Wilfredo F. Garcia-Beltran.
Instituições: Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Harvard Medical School e Ragon Institute of MGH e MIT
Prevenção e Promoção à Saúde: o mapa para prevenir sequelas da Covid-19
A iniciativa campeã é um modelo preditivo para dizer quais pacientes internados por Covid-19 estariam mais vulneráveis a sequelas pulmonares e, assim, deveriam ser priorizados para exames de tomografia. O estudo avaliou 749 indivíduos que durante a hospitalização haviam recebido oxigenação suplementar ou suporte ventilatório. Eles foram acompanhados meses após a alta e submetidos a testes simples, como a oximetria, gerando informações processadas pelo computador e uma equação matemática que calculava o risco pulmonar e a necessidade da tomo. Com isso, constataram que o modelo matemático por trás do software conseguia antever a evolução das lesões causadas por inflamação e fibrose nos pulmões.
Sequelas pulmonares em sobreviventes do COVID-19: Modelo clínico preditivo
Autores: Carlos Roberto Ribeiro de Carvalho, Celina de Almeida Lamas, Luis Augusto Visani de Luna, Rodrigo Caruso Chate, João Marcos Salge, Marcio Valente Yamada Sawamura, Carlos Toufen, Michelle Louvaes Garcia, Paula Gobi Scudeller, Cesar Higa Nomura, Marco Antonio Gutierrez, Bruno Guedes Baldi, Larissa Santos Oliveira Gois e Laura Sampaio de Moura Azevedo.
Instituição: Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (InCor/HCFMUSP)
Terapias e Tratamentos Inovadores: nanotecnologia para administrar medicamentos via nasal
O glioblastoma, um tipo de câncer cerebral, oferece uma série de desafios a médicos e pacientes. Um deles é que a quimioterapia-padrão, via oral, exige altas doses para superar a barreira hematoencefálica, cobrando o preço de muitos efeitos colaterais. Para mitigar o problema, os cientistas criaram um sistema baseado em nanotecnologia que promete servir como um atalho mais seguro para o tratamento, um acesso pelo nariz. Para isso, foram criadas nanopartículas com o quimioterápico, recobertas por membranas de células retiradas do tumor. O truque faz com que essas estruturas, ao penetrarem os nervos olfativos, sejam atraídas pela região acometida pela doença no cérebro. Testes in vivo, em modelos com suínos e ovos de galinha, demonstraram que o fármaco mantém sua configuração intacta e é capaz de acessar, combater e reduzir o tumor. A plataforma inédita abre portas para futuras pesquisas na aplicação da nanotecnologia na oncologia.
Sistemas nanoestruturados bioinspirados e biomiméticos para administração via nasal: uma nova perspectiva para a terapia de glioblastoma
Autores: Natália Noronha Ferreira Naddeo e Valtencir Zucolotto.
Instituição: Instituto de Física de São Carlos da Universidade de São Paulo (USP)
Tecnologias Diagnósticas: à caça da hanseníase com um exame de sangue
A doença continua sendo um problema de saúde pública para países como o Brasil, o segundo no ranking de casos globais, e afeta especialmente pessoas em vulnerabilidade social. Daí a importância de contar com uma ferramenta acessível para rastrear a bactéria e quebrar o ciclo de contágio antes de os sintomas aparecerem. Essa é a proposta de um novo exame de sangue que mira, de forma pioneira, a resposta dos anticorpos a uma proteína específica do bacilo da hanseníase. O método demonstrou maior acurácia para acusar os casos positivos, independentemente de lesões, tornando-se uma alternativa promissora para fazer o diagnóstico precoce, rastrear populações em maior risco e monitorar quadros suspeitos. A descoberta é passo significativo para o desenvolvimento de plataformas diagnósticas de baixo custo e de fácil execução para uso em Unidades Básicas de Saúde (UBS) do país.
Anticorpos anti-Mce1A como biomarcadores sorológicos na hanseníase: diagnóstico, avaliação de contatos e seguimento
Autores: Filipe Rocha Lima e Marco Andrey Cipriani Frade.
Instituição: Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP/USP)