Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Continua após publicidade

Prazos para consultas no sistema público desafiam tratamento do diabetes no Brasil

Desigualdade no acesso a atendimento e medicamentos afeta milhões de pacientes, sobretudo populações de baixa renda e cor preta, aponta pesquisa

Por Ligia Moraes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 14 nov 2024, 15h57
  • Seguir materia Seguindo materia
  • No Brasil, as longas esperas para agendamento e consultas médicas são as principais dificuldades enfrentadas por pacientes com diabetes, segundo o estudo Radar Nacional sobre Tratamento de Diabetes no Brasil. Esses prazos receberam notas de 4,8 em uma escala de 0 a 10, refletindo uma insatisfação generalizada. A situação é ainda mais crítica entre as classes D/E e a população preta, com médias de 2,9 e 2,6, respectivamente.

    A pesquisa, coordenada pela Coalizão Vozes do Advocacy em Diabetes e Obesidade e realizada pela consultoria Imagem Corporativa, revelou que aproximadamente 2 milhões de pessoas com diabetes no Brasil não recebem acompanhamento adequado, já que 10% dos entrevistados afirmaram não fazer consultas regulares, e 6% o fazem com menor frequência do que o necessário.

    O descontrole glicêmico é uma consequência desse cenário: 30% dos pacientes apresentaram exame de hemoglobina glicada (teste utilizado no controle da doença) superior a 7%, e 42% não souberam ou não lembraram desse indicador, essencial para o monitoramento.

    A maior parte dos pacientes (58%) é acompanhada por médicos de família. E a falta de acesso aos endocrinologistas, treinados para tratar o diabetes, limita um cuidado especializado e pode comprometer a qualidade do tratamento.

    Essa carência de especialização não raro se reflete em complicações significativas: 12% dos entrevistados relataram retinopatia, 32% neuropatia, 25% doenças cardiovasculares, 23% disfunções sexuais, 10% nefropatia e 10% lesões nos pés.

    Continua após a publicidade

    Acesso limitado a profissionais e medicamentos

    O levantamento aponta que a quantidade de médicos disponíveis e a dificuldade em fazer exames também são desafios. Com notas médias de 5,6 e 5,5, respectivamente, esses fatores demonstram a precariedade enfrentada, especialmente entre aqueles que dependem exclusivamente do sistema público.

    Para os que não possuem plano de saúde, a espera para consultas foi avaliada com uma média de 4,3, enquanto entre os beneficiários essa nota sobe para 6,3.

    Apesar da nota 6,0 atribuída à facilidade de conseguir medicamentos, esse é considerado um dos fatores mais importantes para o tratamento na visão de 60% dos entrevistados. O papel do SUS é essencial nesse sentido: 77% utilizam serviços públicos para consultas e 67% fazem exames pelo sistema. Até mesmo entre os que têm plano de saúde 73% recorrem a medicamentos gratuitos ou subsidiados pelo governo.

    Continua após a publicidade

    Vacinação e desafios educacionais

    A pesquisa revelou que a maioria (69%) desconhece vacinas especiais indicadas para pessoas com diabetes. Apesar da alta adesão aos imunizantes contra covid-19 e gripe, apenas 57% já se vacinaram contra hepatite B.

    O uso dos CRIEs (Centros de Referência de Imunobiológicos Especiais), que fornece produtos médicos aos pacientes, é baixo: 60% dos entrevistados nunca ouviram falar do serviço, e somente 11% já se vacinaram nesses centros, com a taxa subindo para 20% entre pacientes com diabetes tipo 1.

    Perfil dos pacientes e a pressão sobre o sistema de saúde

    O estudo mostrou que 52% dos que referem ter diabetes pertencem à classe C, com renda de até dois salários mínimos. Pretos e pardos somam 52% dos respondentes, e as mulheres correspondem a 58%, uma porcentagem ligeiramente superior à média populacional. A maior parte dos pacientes (56%) tem mais de 60 anos, refletindo o desafio do envelhecimento da população e o impacto crescente sobre o sistema de saúde.

    Continua após a publicidade

    A pesquisa realizada entre 1º de julho e 22 de agosto de 2024 com 1.843 participantes revela um cenário que exige ações imediatas para melhorar o acesso a tratamentos especializados e o acompanhamento da doença. Se não houver investimentos em mais profissionais e políticas públicas efetivas, as barreiras enfrentadas hoje poderão se agravar com o aumento da população idosa.

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

    a partir de 39,96/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.