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Por que o excesso de exercícios faz mal ao fígado e ao sistema nervoso

Para evitar o impacto negativo, a recomendação é ter períodos de recuperação de 24 a 48 horas

Por Redação
Atualizado em 25 jun 2019, 17h22 - Publicado em 25 jun 2019, 17h21
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  • A prática de exercícios físicos é recomendada por todos os profissionais de saúde como forma de prevenir uma série de doenças. No entanto, algumas pessoas acabam exagerando na hora de se exercitar, esquecendo de fazer intervalos para descansos que, dependendo do tipo de atividade e do organismo do indivíduo, pode ser de 24 a 48 horas. Essa prática excessiva pode exercer o efeito oposto ao esperado, prejudicando o funcionamento do corpo e aumentando o risco de problemas de saúde.

    Pesquisadores brasileiros descobriram que treinos muito intensos podem provocar alterações no coração, fígado, músculos e sistema nervoso. A descoberta, baseada em experimentos com camundongos, indica que as consequências variam desde dificuldade para captação de glicose pela célula até aumento de gordura no fígado – problema que está relacionado ao surgimento de obesidade e diabetes.

    “A prática de exercício físico de maneira regular, moderada e supervisionada por um profissional de educação física é extremamente benéfica. No entanto, caso ocorra um desequilíbrio entre o excesso de exercício físico e os períodos de recuperação, o efeito do exercício pode se tornar prejudicial à saúde”, explicou Adelino Sanchez Ramos da Silva, coordenador da pesquisa e professor da Universidade de São Paulo (USP), à BBC.

    Pesquisas anteriores já haviam demonstrado treinar em excesso e dispensar o repouso causa insônia, dores e enfraquece o sistema imunológico. Por causa disso, os especialistas destacam a importância do descanso pós-treino, especialmente para quem pratica exercícios físicos mais intensos.

    Organismo prejudicado

    A equipe brasileira, composta por cientistas da USP Ribeirão Preto e da Universidade de Campinas (Unicamp) de Limeira, chegaram a esses resultados depois de observar como as células de camundongos respondiam a corridas no plano, subida e descida por oito semanas.

    Músculos

    A análise mostrou que as células musculares tiveram maior dificuldade para captar a glicose no sangue. Essa substância é usada como fonte de energia celular, que serve de combustível para o organismo humano. Ainda verificou-se que nos testes de descida, os ratos mostraram sinais de atrofia e má formação de proteína no interior das células.

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    Fígado

    Notou-se também que para compensar essa falta de glicose, o fígado passou a compensar a ausência da glicose. Isso acontece porque o órgão é um importante agente no controle do açúcar no sangue, podendo armazenar glicose, que pode ser utilizada em situações de necessidade. Segundo a equipe, essa atuação compensatória provocada pelo excesso de exercício poderia ter sido responsável pelo acúmulo de gordura no fígado e sinais de inflamação notados pelos cientistas – embora ainda seja necessário confirmar esta hipótese.

    Caso haja confirmação, isso pode significar consequências futuras mais graves. “O aumento da gordura no fígado é muito ruim, pois tem relação com uma série de doenças, como obesidade e diabetes. Mas é importante destacar que, nos experimentos, não constatamos estas doenças, apenas o acúmulo de gordura”, ressaltou Silva.

    Coração

    O coração não ficou imune. As oito semanas de treino excessivo provocaram endurecimento do tecido cardíaco no ventrículo esquerdo – alteração encontrada em doenças como insuficiência cardíaca. A equipe constatou que esse problema também estava associado ao maior acúmulo de glicose nos tecidos cardíacos.

    Os resultados ainda mostraram a presença de substância relacionadas ao surgimento de inflamações no fígado, coração, sangue e músculos.

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    As citocinas

    Além das alterações no funcionamento do corpo, o estudo fez outra importante descoberta: o papel das citocinas – proteínas que atuam nas inflamações. Até agora, acreditava-se que elas eram liberadas por causa do exercício intenso, acarretando em mudanças no organismo e queda na performance. No entanto, os pesquisadores descobriram que mesmo quando essas proteínas voltam a níveis normais, o desempenho pode continuar prejudicado. De acordo com a equipe, isso significa que existem outras explicações para a queda na performance – que precisam ser investigadas.

    Descansar é necessário

    Para evitar as consequências negativas para o corpo, a recomendação é garantir períodos de recuperação adequados (de 24 a 48 horas, dependendo da pessoa). Por isso o exercício físico precisa ser monitorado por uma equipe especializada que incluam professor de educação física e um profissional da área da saúde, pois eles saberão definir a quantidade de exercício apropriada para cada indivíduo e o tempo necessário para descanso.

    Silva ainda salientou que o problema não está na intensidade do exercício, considerado por ele fator necessário, mas na insuficiência do tempo de repouso.

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