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Poluição do ar aumenta riscos de Parkinson e AVC, apontam estudos

Exposição a partículas finas está ligada ao agravamento de complicações motoras em pacientes com Parkinson e aumento de hemorragias cerebrais em AVCs

Por Ligia Moraes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 out 2024, 15h22 - Publicado em 4 out 2024, 14h00
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  • Dois novos estudos destacam como a poluição do ar, especialmente em áreas urbanas, está relacionada a doenças neurológicas como Parkinson e acidente vascular cerebral (AVC). As descobertas trazem à tona dados preocupantes sobre o impacto do dióxido de nitrogênio (NO2) e de partículas finas no cérebro humano, reforçando a necessidade urgente de medidas para reduzir a poluição atmosférica e proteger a saúde pública.

    Uma pesquisa conduzida pela Mayo Clinic, nos Estados Unidos, publicada no periódico JAMA Network Open, investigou a relação entre a exposição prolongada à poluição do ar e o desenvolvimento de Parkinson. O estudo analisou dados de mais de 6.000 pessoas, incluindo 346 pacientes acometidos pela doença, e observou que a exposição elevada a partículas finas está relacionada a um aumento de 36% no risco de desenvolver um subtipo do Parkinson que causa rigidez muscular e movimentos lentos.

    Além disso, as pessoas expostas a altos níveis de poluição apresentaram um risco significativamente maior de desenvolver discinesia, um efeito colateral do tratamento para Parkinson que resulta em movimentos involuntários difíceis de controlar​.

    As partículas finas, menores que 2,5 micrômetros de diâmetro (PM2.5), são liberadas principalmente por veículos, indústrias e queima de combustíveis fósseis. Essas partículas são tão pequenas que podem se infiltrar profundamente nos pulmões e, eventualmente, alcançar o cérebro. Quando inaladas, elas podem desencadear inflamações e estresse oxidativo, ambos associados ao desenvolvimento de doenças neurológicas.

    NO2 e AVC: poluição agrava o quadro clínico 

    Além do impacto no Parkinson, o dióxido de nitrogênio (NO2), outro poluente atmosférico estudado, foi associado ao aumento global nos casos de acidente vascular cerebral (AVC). O NO2 é liberado principalmente pela queima de combustíveis fósseis, especialmente em áreas com tráfego intenso de veículos e em zonas industriais. Este gás contribui para a formação de partículas finas no ar e, segundo os pesquisadores, afeta diretamente a saúde cardiovascular e neurológica​.

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    De acordo com um estudo publicado no periódico The Lancet Neurology, entre 1990 e 2021, o número de pessoas que tiveram AVC aumentou 70%, e grande parte desse aumento está diretamente ligado a fatores ambientais, incluindo o NO2 e as partículas finas. O estudo estima que o NO2 seja responsável por 14% dos casos de hemorragia subaracnoidea, uma forma grave da condição que provoca sangramentos no cérebro e é frequentemente fatal.

    Impactos profundos na saúde pública

    Embora o NO2 e as partículas finas já fossem conhecidos por seus efeitos negativos sobre o sistema respiratório e cardiovascular, suas conexões com doenças neurológicas como Parkinson e AVC vêm ganhando destaque. Isso ocorre porque essas partículas podem atravessar a barreira hematoencefálica, um mecanismo que protege o cérebro de substâncias nocivas, causando inflamações que afetam o sistema nervoso central​.

    A exposição contínua à poluição pode resultar em danos cumulativos, especialmente em indivíduos que vivem em grandes cidades ou áreas industriais. O aumento das taxas de Parkinson e AVC em regiões urbanas reforça o papel crítico da poluição na saúde humana. De acordo com os pesquisadores, esses poluentes não apenas aumentam o risco de desenvolver essas doenças, mas também podem agravar os sintomas e dificultar o tratamento​.

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