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Pílula poderá ser usada no tratamento da insolação

Substância que reduz contrações musculares involuntárias pode ser arma contra a exposição perigosa ao sol e calor excessivos

Por Da Redação
9 jan 2012, 10h02

A história costuma ser sempre a mesma: uma pessoa aparentemente saudável morre subitamente, devido à exposição a altas temperaturas, sob um sol escaldante. Em um estudo publicado nesta segunda-feira no periódico Nature Medicine, cientistas descobriram uma droga que pode evitar que casos de insolação em pessoas mais sensíveis a essa exposição solar resultem em morte.

A insolação é uma condição séria e fatal causada pelo excesso de exposição ao sol e ao calor intenso. Os principais sintomas são desidratação, queimaduras na pele, dor de cabeça, tontura, espasmos musculares e febre. Até o momento, os únicos tratamentos disponíveis são imersão em água muito fria ou aplicação de pacotes de gelo sobre o corpo da pessoa, para tentar reduzir a temperatura do corpo a níveis normais.

No estudo, a equipe do cientista Robert T. Dirksen, da Universidade de Rochester, nos Estados Unidos, descobriu que um composto chamado de AICAR foi eficiente em proteger os animais que eram geneticamente predispostos a sofrerem mais com a insolação. “Existe uma grande necessidade entre as equipes esportivas, médicos de emergência e soldados que servem em regiões desérticas de uma droga para casos de insolação”, diz Dirksen. “Nosso estudo dá um passo importante em direção ao desenvolvimento de novas terapias medicamentosas que podem vir a integrar o tratamento padrão para a insolação”

Pesquisas – O estudo foi publicado em um momento em que os casos de insolação estão crescendo nos Estados Unidos (país onde foi realizado o levantamento). De acordo com um estudo recente do periódico American Journal of Preventive Medicine, o número de lesões relacionadas ao calor mais do que dobrou de 1997 a 2006. Nesse período de 10 anos, estima-se que 55.000 pessoas foram tratadas de insolação em salas de emergência americanas.

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A droga foi testada em camundongos com uma mutação no gene RYR1. Essa mutação está associada a uma hipertemia maligna, desordem fatal e hereditária da musculatura esquelética (responsável pelo movimento voluntário). Trabalhos posteriores demonstraram que esses animais exibiam contrações musculares involuntárias – uma resposta clássica da insolação – durante a exposição a altas temperaturas ou durante exercícios em condições de alta temperatura.

A equipe descobriu, então, que a administração de AICAR era eficiente em proteger os camundongos dessas contrações em altas temperaturas. Se não controlada, as contrações levam os músculos a liberar substâncias químicas, como potássio e proteínas, na corrente sanguínea. Altos níveis de potássio no sangue são extremamente tóxicos e, se não contornados rapidamente, podem levar à arritmia cardíaca e à morte.

Músculo – A droga AICAR fez um grande alarde em 2008 quando um estudo publicado no periódico Cell descobriu que a droga construía músculo e aumentava a resistência em camundongos completamente inativos. Estudos adicionais, no entanto, descobriram sua eficácia também no tratamento da insolação.

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A AICAR normalmente funciona ativando a ‘chave mestra’ do metabolismo, uma enzima chamada AMPK que, entre outras coisas, influencia a atividade muscular. Entretanto, pesquisadores descobriam que a habilidade da droga em proteger os camundongos da insolação não estava relacionada a essa chave mestra. Pelo contrário, ela interferia diretamente no gene RYR1, uma proteína que tem um papel essencial na contração muscular.

O RYR1 é responsável por liberar íons de cálcio positivamente carregados de compartimentos de estocagem dentro das células, que se combinam a proteínas musculares para provocar a contração. Em resposta ao calor, mutações no RYR1 fazem com que quantias altíssimas de cálcio vazem desses compartimentos e acabem causando contrações musculares descontroladas.

Descobriu-se, então, que o composto AICAR consegue reduzir esse vazamento de cálcio. Isso levaria a uma menor quantidade de contrações e a menores danos musculares, evitando até mesmo a morte. A droga ainda não está disponível para uso ou comercialização, mas está em fase de estudos para doenças musculares e de desordens metabólicas.

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