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Pesquisa sugere uso de antibiótico como “pílula do dia seguinte” para ISTs

Doxiciclina logo após o sexo desprotegido reduz o risco de mulheres trans e homens desenvolverem sífilis, clamídia e gonorreia

Por Diego Alejandro
13 mar 2023, 15h05
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  • Um estudo feito por pesquisadores da Universidade Paris Cité, na França, mostra que ingerir um antibiótico comum como se fosse uma “pílula do dia seguinte”, pode ajudar a conter infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). 

    Uma única dose de doxiciclina – originalmente indicado para a prevenção da malária e tratamento de pneumonia bacteriana – tomada dentro de 72 horas após a relação sexual desprotegida reduziria o risco de contrair clamídia, sífilis e gonorreia, esta última com menor eficácia. A estratégia funcionou entre homens que fazem sexo com outros homens e mulheres trans. Mas as pílulas não mostraram benefícios em mulheres cisgênero (cuja identidade de gênero corresponde ao sexo atribuído no nascimento). Os dados mais recentes foram apresentados em Seattle na Conferência sobre Retrovírus e Infecções Oportunistas, no mês passado.

    O estudo contou com a participação de 232 homens inscritos anteriormente em uma pesquisa sobre prevenção do HIV em Kisumu, no Quênia, que tomavam pílulas diárias para a prevenção do HIV. Eles foram orientados a tomar o comprimido até três dias após a relação sexual desprotegida.

    Entre os homens, houve uma redução de 84% do risco de contrair clamídia ou sífilis, em comparação aos voluntários do grupo de controle, e queda de aproximadamente 50% para as chances de desenvolver gonorreia.

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    As 449 mulheres cisgênero que também foram inscritas na investigação não viram os mesmos resultados. Os autores sugerem que isso pode estar relacionado às diferenças entre a metabolização do antibiótico em homens e mulheres ou à alta prevalência de bactérias resistentes a antibióticos no Quênia. Mais pesquisas foram recomendadas.

    Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), que regulam os medicamentos nos Estados Unidos, ainda não recomendam a doxiciclina para prevenir ISTs. Mas, com base na força das novas evidências, algumas cidades como São Francisco já estão oferecendo o antibiótico para pessoas com alto risco de infecção. As autoridades de saúde estão chamando a abordagem como “doxy-PEP”, uma referência ao nome da medicação em inglês (doxycycline) e a Profilaxia Pós-Exposição ao HIV (PEP).

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