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Fase que antecede menopausa aumenta risco de transtornos psiquiátricos

Taxa de incidência de casos de mania e depressão é mais alta em comparação com os períodos pré e pós-menopausa; cuidado deve ser personalizado

Por Ligia Moraes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 29 ago 2024, 12h00
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  • A perimenopausa, a fase que precede a menopausa, pode aumentar significativamente o risco de desenvolver transtornos psiquiátricos, como mania e depressão maior, de acordo com um estudo recente publicado na Nature Mental Health. A pesquisa, que analisou dados de mais de 128 mil mulheres no Reino Unido, traz importantes achados sobre como as mudanças hormonais podem afetar a saúde mental durante esse período.

    Analisando dados do UK Biobank, grande banco de dados de pesquisa médica no Reino Unido, o estudo descobriu que a taxa de incidência de transtornos psiquiátricos foi mais alta durante a perimenopausa comparada à fase pré-menopausal. Especificamente, a incidência da depressão e mania foi notavelmente maior na perimenopausa. Por exemplo, a taxa de incidência de mania foi mais de duas vezes maior durante a perimenopausa em comparação com a pré-menopausa. A taxa de incidência de mania retornou aos níveis da pré-menopausa após a menopausa, enquanto a taxa de transtorno depressivo maior permaneceu elevada, mas menor do que durante a perimenopausa.

    O que é a perimenopausa?

    A perimenopausa  é o período que antecede a menopausa, a data que marca a última menstruação da mulher. Ela varia conforme o organismo, mas em média, começa aos 42 anos e vai até os 52 anos. 

    “É durante a perimenopausa, período que a mulher, produzindo menos hormônios, fica mais suscetível a alguns descompassos sobre aspectos de neurotransmissores como serotonina, dopamina e noradrenalina. São eles que, quando equilibrados, garantem um quadro de boa saúde mental”, afirma Alberto d’Auria, ginecologista e obstetra do Hospital e Maternidade Santa Joana.

    Por isso, muitas mulheres experimentam sintomas neuropsiquiátricos como alterações de humor, problemas de sono e ondas de calor. Estudos anteriores tinham sugerido que essa fase poderia estar ligada a um aumento no risco de distúrbios psiquiátricos, mas o estudo atual fornece evidências mais detalhadas.

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    Implicações para a saúde e recomendações 

    Os resultados sugerem que as flutuações hormonais associadas à perimenopausa podem desempenhar um papel importante no aumento do risco de mania e depressão. O estudo ressalta a necessidade de uma vigilância mais atenta da saúde mental das mulheres durante essa fase, bem como a importância de considerar fatores individuais ao avaliar o impacto da perimenopausa.

    “Nós médicos, temos a responsabilidade imensa de acompanhar nossas pacientes durante as fases de sua vida como um todo. Assim é possível identificar essas oscilações e ajudá-las precocemente, sem que o quadro se agrave”, afirma d’Auria.

    É importante destacar que pacientes com antecedentes psiquiátricos têm chances extremamente aumentadas de desencadear distúrbios mais sérios durante a perimenopausa. “Mulheres que tiveram depressão pós-parto, por exemplo, têm maior risco de desenvolver distúrbio comportamental nessa fase”, comenta o especialista.

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    Para as mulheres que estão passando por essa transição, é crucial estar ciente de que mudanças significativas na saúde mental podem ocorrer. Conversar com um profissional de saúde pode ajudar a identificar e tratar precocemente esses problemas, melhorando o bem-estar geral durante essa fase da vida.

    “A terapia hormonal, claro que bem avaliada e prescrita por um profissional, pode trazer benefícios para essas pacientes. Em muitos casos, elas deixam de apresentar risco de apresentar distúrbios comportamentais”, explica o ginecologista. “Outras abordagens também podem ser recomendadas como reposição de aminoácidos, neurotransmissores e substâncias equilibradores da microbiota intestinal”, conclui. 

    Os pesquisadores recomendam que futuros estudos incluam grandes coortes de indivíduos com histórico de transtornos mentais para melhorar a previsão e a mitigação dos riscos associados ao envelhecimento reprodutivo. A personalização do cuidado com base nas experiências individuais e nos sintomas específicos será essencial para desenvolver estratégias eficazes de tratamento e suporte.

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