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Para o coração dos idosos bater mais forte

O mau funcionamento das válvulas cardíacas afeta boa parte da população mais velha. Mas novos dispositivos trazem mais segurança para o paciente

Por Cilene Pereira
27 set 2021, 20h28
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  • O Brasil alcançou os 40 milhões de idosos, segundo o Pnad (Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílio realizada este ano). Isso significa 18,9% do total da população. O número é surpreendente. O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) havia projetado 29,5 milhões de pessoas acima de 60 anos para 2021. Em 2040, o instituto aponta que essa população deve chegar a 52 milhões. Mas, segundo Jorge Félix, professor de Gerontologia da Universidade de São Paulo (USP), essa projeção é tímida. “O que caracteriza a dinâmica demográfica brasileira é o ritmo acelerado do envelhecimento populacional. O Brasil envelhece muito rápido”, afirma.

    Com isso, há maior preocupação com a saúde dessa população, especialmente em relação às enfermidades mais comuns – como as doenças cardiovasculares. Um dos problemas cardíacos mais comuns são as valvopatias – mau funcionamento das válvulas cardíacas que interferem no fluxo do sangue. Além da idade e do estilo de vida, as causas do problema podem ser congênitas ou uma infecção, por exemplo.  “De uns anos para cá, principalmente devido ao envelhecimento populacional, as valvopatias têm ganhado importância. A divulgação dessas doenças, entretanto, não acompanha essa relevância. Elas são pouco comentadas”, diz o cirurgião cardiovascular Gustavo Leno Judas, presidente da Sociedade Cardiovascular do Estado de São Paulo. Uma das consequências da falta de informação é que se dá pouca atenção aos sinais típicos das valvopatias: cansaço, falta de fôlego, perda de resistência física. “O idoso costuma ter esses sintomas, mas é fundamental olhar para eles com carinho e, a qualquer piora, procurar um cardiologista”, diz o cirurgião cardiovascular José Armando Mangione, presidente da Sociedade Latino Americana de Cardiologia Intervencionista (Solaci).

    Quando o exame de ecocardiograma detecta alteração em alguma das válvulas, o cirurgião pode optar por reparar ou trocar a válvula natural comprometida por uma artificial. Nos últimos anos, as válvulas vêm se sofisticando, a exemplo do que acontece com muitos dispositivos médicos. Há dois tipos de válvulas artificiais: as mecânicas e as biológicas. As mecânicas normalmente têm estrutura metálica têm durabilidade alta. Porém, sua utilização requer o uso permanente de anticoagulantes, uma vez que o metal pode ocasionar a formação de trombos (ou coágulos) no sangue. Hoje, entretanto, já existem válvulas mecânicas com componentes metálicos recobertos por carbono e design voltado para diminuir a formação de trombos.

    As válvulas biológicas por sua vez são feitas do pericárdio (membrana que recobre o coração) de origem bovina ou porcina. Essas válvulas são flexíveis e similares ao tecido humano, o que propicia uma necessidade diminuída de anticoagulantes, mantendo sua eficiência clínica. “Uma das válvulas mais inovadoras é aquela sem necessidade de sutura para seu implante. Essa tecnologia permite que o paciente fique menos tempo ligado à máquina que substitui a função do coração e do pulmão enquanto a intervenção no coração é realizada e inclusive pode reduzir os custos hospitalares”, diz Cleber Gusmão, diretor da Corcym, empresa de dispositivos médicos que acaba de chegar ao Brasil.

    Na gama das cirurgias menos invasivas, há aquelas realizadas por meio de plataformas robóticas e também o procedimento transcateter. “Nesse caso, é feita a troca de uma válvula aórtica usando um cateter inserido em uma artéria periférica, como a da virilha. A artéria é pulsionada e o cateter leva até o local a prótese que substitui a válvula danificada. Esse método serve apenas para a válvula biológica. A mecânica é colocada apenas por meio de cirurgia”, explica Gustavo Ieno Judas.  A medicina tem uma gama de produtos eficazes e seguros para tratar do coração dos mais velhos. O importante, portanto, é ficar atento a qualquer sinal de problemas para que sejam solucionados o mais brevemente possível.

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