Um homem soropositivo se tornou, no Reino Unido, o segundo adulto conhecido em todo o mundo a ficar livre do vírus da Aids depois de receber um transplante de medula óssea de um doador resistente ao HIV, informaram seus médicos sem revelar o nome do paciente.
Quase três anos após receber células-tronco da medula óssea de um doador com uma mutação genética rara que resiste à infecção do HIV, e mais de 18 meses após parar de usar remédios antirretrovirais, exames de alta sensibilidade ainda não mostram indícios de sua infecção de HIV anterior. “Não existe vírus ali que consigamos medir. Não conseguimos detectar nada”, disse Ravindra Gupta, professor e biólogo especializado em HIV que coliderou uma equipe de médicos para tratar o paciente.
Especialistas em Aids dizem que o caso marca um “momento crítico” na busca por uma cura, mas não significa que ela já foi descoberta. Gupta descreve o paciente como “funcionalmente curado” e “em remissão”, mas alerta: “É cedo demais para dizer que ele está curado”.
Esta é a segunda vez que um paciente deixa de exibir sintomas da Aids após receber um transplante de medula óssea – a primeira aconteceu em 2008 com um homem chamado Timothy Ray Brown, tratado em Berlim. “Ao alcançar a remissão em um segundo paciente usando um método semelhante, mostramos que o ‘paciente de Berlim’ não era uma anomalia”, declarou Gupta.
Atualmente, pessoas infectadas com o HIV podem manter a doença sob controle com a chamada terapia antirretroviral (ARV), mas o tratamento não elimina o vírus e deve ser continuado durante toda a vida dos pacientes. Cerca de 37 milhões de pessoas em todo o mundo estão infectadas com HIV, mas apenas 59% têm acesso à terapia.
O transplante de medula óssea não é o procedimento ideal, mas pode trazer respostas aos pesquisadores na busca por um tratamento definitivo. Desde seu surgimento nos anos 1980, a Aids já matou cerca de 35 milhões de pessoas.
(Com Reuters e AFP)