Promoção do Ano: VEJA por apenas 4,00/mês
Continua após publicidade

Onda de estudos promissores abre avenida para tratamento do Parkinson

Anunciam-se avanços com transplante de células-tronco, edição genética, imunoterapia e métodos menos invasivos para estimulação cerebral, como o ultrassom

Por Paula Felix Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 10h11 - Publicado em 26 ago 2023, 08h00
  • Seguir materia Seguindo materia
  • LUTA - Michael J. Fox: o ator mostra a vida com a doença sem constrangimento
    LUTA - Michael J. Fox: o ator mostra a vida com a doença sem constrangimento (Sven Hoppe/Getty Images)

    A doença de Parkinson, descrita e batizada em 1817 a partir do nome do neurologista que a definiu, James Parkinson (1755-1824), ganhou recentemente muita visibilidade. A atenção ao distúrbio — antes conhecido como “paralisia agitante” — brotou da condição do ator Mi­chael J. Fox, o astro da adorável franquia De Volta Para o Futuro, que vive com o problema desde os 29 anos — ele tem agora 62 anos. Fox, sem medo de se exibir publicamente com os tremores, força muscular reduzida e tronco ligeiramente curvado, ajuda a reduzir tabus. Mostrou-se por inteiro na série Still: Ainda Sou Michael J. Fox, na Apple TV+, e avisou: “Não se morre de Parkinson — a gente morre com o Parkinson”.

    Publicidade

    A postura corajosa do ator ilumina o atual momento das investigações em torno do Parkinson, a segunda doença neurodegenerativa mais comum do mundo, depois do Alzheimer, mas que nunca teve tratamentos eficazes aprovados, em eterno desafio. Hoje, porém, pode-se dizer que, dada as dificuldades de antes, o Parkinson está de volta para o futuro.

    Publicidade

    Neste ano, uma ampla gama de estudos promissores tem despontado nas principais publicações científicas do mundo. Anunciam-se avanços com tratamento apoiado no transplante de células-tronco, na edição genética, na imunoterapia e em métodos menos invasivos para estimulação cerebral, como o ultrassom. É um dos mais interessantes movimentos da medicina hoje — e ele merece ser visto de perto.

    arte parkinson

    Publicidade

    Em uma parte profunda do cérebro, sabe-se que a doença se espraia e ganha as células nervosas produtoras de dopamina, conhecida como hormônio da felicidade, e que também atua na coordenação dos movimentos. Com a morte desses neurônios, os tremores alternados com quadros de rigidez se instalam. Embora o mecanismo seja conhecido, o nó sempre foi alcançar o controle. Uma das apostas anunciadas em 2023 foi a realização do primeiro de oito transplantes de neurônios atrelados ao uso de células-tron­co por pesquisadores da Universidade de Lund, na Suécia. Os ensaios estão sendo conduzidos em pessoas com estágio moderado e diagnosticadas há, ao menos, dez anos. A proposta da técnica é de que as células transplantadas amadureçam e se tornem neurônios saudáveis e capazes de produzir o neurotransmissor.

    Continua após a publicidade

    Também na linha das células-tronco, a empresa BlueRock Therapeutics vai apresentar na próxima semana, durante o congresso da Sociedade Internacional de Parkinson e Distúrbios do Movimento (MDS, na sigla em inglês), o detalhamento de um ensaio de fase 1 com doze pacientes que já apontou tolerabilidade e segurança ao longo de um ano da terapia experimental. “Nosso objetivo é restaurar a funcionalidade e até reverter a doença, que é assustadora e devastadora”, afirma Seth Ettenberg, presidente da companhia americana.

    Publicidade

    As esperanças brotam. Um recente estudo publicado no periódico Neuron identificou o intestino como ponto de partida da condição. O achado é vital, por representar atalho para futuros tratamentos. “Temos muitos alvos, a grande promessa é encontrar a terapia modificadora da doença, capaz de tornar mais lenta e parar ou reverter o curso”, diz Rafael Bernhart Carra, neurologista do Hospital Sírio-Libanês, de São Paulo. Na linha dos métodos menos invasivos, um estudo com 94 pacientes com a doença, tratados com ultrassom focalizado no cérebro, mostrou redução dos sintomas em 70% dos casos e dois terços sustentaram os resultados por um ano. Em caminho semelhante, já se testou também a estimulação cerebral não invasiva — e ela melhorou a marcha dos pacientes. No Brasil, há abordagens sobre o diagnóstico na tentativa de usar o recurso do plasma de sangue, proposta da Unicamp e da Federal de São Carlos (UFSCar). São caminhos para tentar devolver aos pacientes o precioso controle do próprio corpo. E lá na frente, quando for realmente possível controlar o Parkinson, lembraremos com delicadeza da avenida aberta por Michael J. Fox.

    Publicado em VEJA de 25 de agosto de 2023, edição nº 2856

    Publicidade
    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Veja e Vote.

    A síntese sempre atualizada de tudo que acontece nas Eleições 2024.

    OFERTA
    VEJA E VOTE

    Digital Veja e Vote
    Digital Veja e Vote

    Acesso ilimitado aos sites, apps, edições digitais e acervos de todas as marcas Abril

    3 meses por 12,00
    (equivalente a 4,00/mês)

    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (equivalente a 12,50 por revista)

    a partir de 49,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.