Muitos exaltam as qualidades e funções do óleo de coco, que vão desde o uso culinário até hidratante para cabelo e pele. No entanto, Karin Michels, professora da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, afirma que no quesito nutrição, o óleo de coco é “um dos piores alimentos que você pode comer”. Ela ainda declarou que a ingestão de alimentos exóticos para garantir benefícios à saúde é apenas uma estratégia de venda da indústria alimentícia; o valor nutricional adquirido através desses alimentos podem ser obtidos na dieta diária, com o consumo de cenouras, cerejas e damascos, por exemplo.
Essa não é a primeira vez que o óleo recebe críticas de especialistas. Instituições de saúde como a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido (NHS) alertaram que as gorduras saturadas – como as encontradas no óleo de coco – estão ligadas a doenças cardíacas, diabetes e certos tipos de câncer. “O óleo de coco é cerca de 86% de gordura saturada, cerca de um terço a mais do que a manteiga, com 52%”, explicou Victoria Taylor, nutricionista sênior da British Heart Foundation, no Reino Unido, ao The Guardian.
Os argumentos de Karin Michels, apresentados durante palestra na Universidade de Freiburg, na Alemanha, deve se tornar um empecilho para a comunidade de alimentos saudáveis, que defende o óleo de coco como um substituto para gorduras vegetais e animais na culinária. A palestra pode ser encontrada no Youtube.
Perigos da gordura
De acordo com o The Independent, no ano passado, a American Heart Association atualizou as diretrizes referentes às gorduras saturadas encontrados no óleo de coco, recomendando que as pessoas as substituíssem pelas gorduras insaturadas, a fim de reduzir o risco de problemas cardiovasculares no futuro.
A decisão foi tomada depois que a entidade revisou evidências sobre os benefícios do alimento: apesar de três quartos do público dos EUA considerarem o óleo de coco saudável, a avaliação observou que apenas 37% dos nutricionistas concordavam. O motivo para essa diferença de percepção estaria associado à comercialização do produto por meio da imprensa popular.
Já o NHS afirma que a ingestão de alimentos desse tipo provoca elevação nas taxas de colesterol ruim (LDL) no sangue, aumentando o risco de doença coronariana – que atinge os vasos sanguíneos – e Acidente Vascular Cerebral (AVC). “Tem havido especulações de que parte da gordura presente no óleo de coco pode ser melhor do que outras gorduras saturadas, mas até agora não há pesquisa de boa qualidade suficiente para nos fornecer uma resposta definitiva”, comentou Victoria.
Na defesa
No entanto, defensores do óleo de coco acreditam que categorizá-lo como “ruim” pode confundir o público, especialmente porque muitos estudos contraditórios são publicados pela comunidade científica acerca de diversos alimentos. “Você não deve nomear qualquer coisa boa ou ruim porque não ajuda no relacionamento das pessoas com a comida. Não é apenas o alimento que vai te prejudicar, é toda a dieta”, afirmou Daisy Buckingham, nutricionista e escritora, ao The Telegraph.
A criadora da marca “Lucy Bee”, especializada em dieta e alimentação, garantiu que os seus níveis de colesterol reduziram depois de usar óleo de coco na dieta diária durante um ano. No entanto, ela salientou que as pessoas devem usá-lo com moderação para encontrar os benefícios esperados.
Além disso, Daisy mencionou que a BBC realizou um estudo de pequena escala no qual os participantes receberam diariamente 50 g de óleo de coco, 50 g de azeite ou 50 g de manteiga durante um mês. Os resultados mostraram que os indivíduos que receberam óleo de coco apresentaram aumento no colesterol HDL (bom) e nenhuma alteração no colesterol LDL (mau). Já os que ingeriram manteiga ou azeite de oliva tiveram resultados inversos.
Como evitar?
De acordo com Karin, o óleo de coco é “veneno puro”. Então, seria possível substituí-lo por algo menos perigoso? Especialistas afirmam que sim. Chloe Hall, porta-voz da Associação Dietética Britânica, por exemplo, recomenda azeite de oliva, óleo de colza (ou canola) e óleo de girassol, que ajudam a reduzir as taxas do mau colesterol (LDL) desde que consumidos em pequenas quantidades.
Já o ômega-3, encontrado em peixes gordurosos, como salmão, atum e sardinha, desempenham importante papel na saúde do coração, evitam inflamação e melhoram o humor. Frutas como abacate, e nozes também são consideradas benéficas. As gorduras insaturadas encontradas nestes alimentos têm se mostrado eficazes para ajudar a reduzir os níveis de LDL, sendo, portanto, uma escolha mais saudável.
“Por enquanto, se você gosta do sabor do óleo de coco, como acontece com a manteiga, é bom usá-lo com bastante parcimônia.”