Pesquisadores americanos desenvolveram um tipo avançado de inteligência artificial que usa uma única radiografia de tórax para prever o risco de morte por ataque cardíaco ou derrame, decorrente de doença cardiovascular aterosclerótica, em até 10 anos. Os resultados do estudo foram apresentados na reunião anual da Sociedade Radiológica da América do Norte.
“Esse tipo de triagem pode ser usado para identificar indivíduos que se beneficiariam com estatina, mas atualmente não são tratados”, disse o autor do estudo, Jakob Weiss, radiologista afiliado ao Cardiovascular Imaging Research Center, em Massachusetts, nos Estados Unidos. No mundo, aproximadamente 50 milhões de pessoas usam a estatina diariamente. Ela ajuda a reduzir o colesterol em pessoas que não conseguem esse controle com dieta e exercícios, além de apresentarem outros fatores de risco cardiovasculares.
Hoje, o medicamento começa a ser administrado a partir de uma equação de risco calculado, usando uma pontuação de doença cardiovascular aterosclerótica. Este modelo estatístico considera uma série de variáveis, incluindo idade, sexo, raça, pressão arterial sistólica, tratamento para hipertensão, tabagismo, diabetes tipo 2 e exames de sangue.
O problema é que estas variáveis muitas vezes não estão disponíveis, tornando outras abordagens simples mais atrativas. “Há muito tempo reconhecemos que os raios X capturam informações além dos achados diagnósticos tradicionais, mas não usávamos esses dados porque não tínhamos métodos robustos e confiáveis”, disse Weiss. “Agora, os avanços na IA estão tornando isso possível.”
Os pesquisadores testaram o modelo em 11.430 pacientes ambulatoriais, que fizeram uma radiografia de tórax de rotina no Mass General Brigham e eram potencialmente elegíveis para terapia com estatina. Desses voluntários, 1.096, ou 9,6%, sofreram um evento cardíaco adverso importante durante o acompanhamento médio de 10 anos.
Houve uma associação significativa entre o risco previsto pelo novo modelo e eventos cardíacos graves observados. “A beleza dessa abordagem é que você só precisa de um raio X, feito milhões de vezes por dia em todo o mundo”, refletiu Weiss, que aguarda pesquisas adicionais para validar seu estudo que pode servir como uma ferramenta de apoio à decisão dos médicos.