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O que é eco-ansiedade e por que pode ajudar a frear as mudanças climáticas

O medo das pessoas sobre o estado do planeta pode ser um importante gatilho para adaptar estilos de vida de alto carbono para mais ambientalmente amigável

Por Diego Alejandro
6 set 2022, 18h32

Você já se perguntou qual futuro irá deixar para as gerações futuras, diante da constante destruição do meio ambiente? Se a resposta envolve medidas para frear a mudança climática, talvez você seja um ‘eco-ansioso’. O primeiro estudo detalhado da ansiedade climática entre a população adulta do Reino Unido sugere que, embora as taxas sejam atualmente baixas, os medos das pessoas sobre o estado do planeta podem ser um importante gatilho para ação quando se trata de adaptar nossos estilos de vida de alto carbono para mais ambientalmente amigável.

A eco-ansiedade não é considerada uma doença – pelo menos não ainda -, mas a preocupação crescente com a emergência climática que vivemos pode levar a transtornos psicológicos. A American Psychology Association (APA) descreve a eco-ansiedade como “o medo crônico do cataclismo ambiental que vem da observação do impacto aparentemente irrevogável das mudanças climáticas e da preocupação associada com o futuro e as próximas gerações” – o que aumentou nos últimos anos.

Um estudo de alto perfil da Universidade de Bath em 2021 descobriu que é particularmente prevalente entre os jovens em todo o mundo. Agora, esta última pesquisa, liderada por uma equipe do Centro de Mudanças Climáticas e Transformações Sociais, também com sede na Universidade de Bath, buscou as opiniões de 1.338 adultos do Reino Unido, em dois momentos (em 2020 e 2022) para aprofundar a prevalência de ansiedade climática, fatores que a predizem e se pode prever mudanças comportamentais individuais e ação climática.

A eco-ansiedade, no entanto, não afeta a todos igualmente. Na verdade, tende a ser mais prevalente entre as pessoas mais conscientes sobre a proteção do meio ambiente. Os sintomas incluem casos leves de ansiedade, estresse, distúrbios do sono, nervosismo, etc. Nos casos mais graves, pode causar uma sensação de sufocamento ou mesmo depressão. Nesse último grupo, é bastante comum as pessoas expressarem um forte sentimento de culpa pela situação do planeta, o que pode ser agravado, entre quem tem filhos, ao pensar no futuro.

Apesar de mais de três quartos do público do Reino Unido dizerem que estão preocupados com as mudanças climáticas, apenas 4,6% do público relatou sentir ansiedade climática em 2022. Pessoas mais jovens e aquelas com maior ansiedade generalizada eram mais propensas a experimentar eco-ansiedade.

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Apesar de gerar efeitos negativos, há positivos também: para muitos, pode ser uma força motivadora para tomar medidas para reduzir as emissões. Isso inclui economia de energia, compra de usados, empréstimo, aluguel ou reaproveitamento de itens. Mudanças no estilo de vida, como reduzir o consumo de carne vermelha, não foram relacionadas à ansiedade climática, apesar de serem altamente eficazes para reduzir as emissões.

O papel da mídia

Significativamente, o estudo descobriu que a exposição na mídia – por exemplo, imagens de TV de tempestades furiosas ou ondas de calor – em vez de experiências diretas e pessoais de impactos climáticos, anteviam a ansiedade climática. Os autores dizem que há implicações importantes dessas descobertas para as organizações responsáveis pela comunicação das mudanças climáticas.

O estudo publicado no Journal of Environmental Psychology coincide com um novo briefing do Center for Climate Change & Social Transformations focado nas preferências do público do Reino Unido pelo baixo carbono. Sua análise sugere que mudanças no estilo de vida (por exemplo, reduzir o uso do carro ou comer menos carne) são cada vez mais vistas como viáveis e desejáveis.

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A psicóloga ambiental da Universidade de Bath, Professora Lorraine Whitmarsh, liderou o estudo. “Com o aumento da cobertura da mídia sobre os impactos climáticos, como secas e incêndios no Reino Unido e inundações devastadoras no Paquistão, a ansiedade climática pode aumentar. Nossas descobertas sugerem que isso pode estimular algumas pessoas a tomar medidas para ajudar a resolver o problema – mas também sabemos que existem barreiras à mudança de comportamento que precisam ser abordadas por meio de mais ações governamentais”, explicou.

No artigo, os autores enfatizam a importância da mídia como força motivadora para as mudanças de estilo de vida necessárias à medida que nos “descarboniza”. Eles sugerem que a mídia e o discurso público sobre a ansiedade climática têm o poder de criar uma visão positiva para um futuro mais verde e limpo, que seja significativamente menos dependente de combustíveis fósseis.

Lois Player, coautora do estudo também do Departamento de Psicologia da Universidade de Bath, afirmou: “Nossos resultados sugerem que a mídia pode desempenhar um papel importante na criação de mudanças positivas de comportamento pró-ambiental, mas apenas se comunicarem cuidadosamente a realidade das mudanças climáticas sem induzir uma sensação de desesperança”.

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