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O melhor (e o pior) jeito de falar com um adolescente ‘problemático’

Diálogo pode fazer toda a diferença para evitar que jovens cometam barbaridades contra si e os outros. Autora ensina como e quando estabelecê-lo

Por Diogo Sponchiato Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 2 jul 2025, 13h57

O caso do adolescente que matou a família no Rio de Janeiro chocou o país e trouxe à tona um dos maiores desafios de lidar com meninos e meninas nessa fase da vida: como criar uma relação amigável, transparente e respeitosa a fim de evitar caminhos potencialmente desastrosos – para eles e o entorno?

Para que a conversa aconteça, o primeiro passo é conseguir acessar o jovem e tirá-lo do quarto, do celular ou do computador. Mas sem ferir suas emoções ou destruir sua autonomia. Isso é particularmente importante se levarmos em conta que o cérebro adolescente ainda está em desenvolvimento – um processo que se estende até os 21 anos.

Até lá, as áreas da massa cinzenta que dominam os sentimentos e a impulsividade não estão plenamente consolidadas, o que dá margem aos rompantes e eventuais rebeldias em casa. E amplifica o desafio pela frente, que exige maturidade e sensibilidade dos pais e responsáveis.

É para ajudar famílias que atravessam essa fase – mais ou menos conturbada – que a orientadora parental britânica Anita Cleare escreveu Enfurnados – Como Tirar o Seu Adolescente do Quarto, recém-publicado no Brasil pela editora Latitude.

A obra é um guia, baseado em vivências da autora e de outros pais e nas descobertas da neurociência, sobre como acolher um jovem, suas dúvidas, angústias e raivas de uma maneira que preserve o bem-estar de ambos os lados da relação. Um percurso que passa inevitavelmente pela conversa.

Diálogo é tudo

“Boas conversas dependem de confiança e conexão. Não podemos simplesmente entrar no quarto do nosso adolescente e exigir que ele se abra conosco”, escreve Cleare, que lidera o Positive Parenting Project.

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A orientadora parental ensina que é preciso cavar espaço no cotidiano e construir miniconexões que permitem estabelecer diálogos mais profundos depois. E há o momento certo de tocar em temas mais delicados. Não adianta puxar conversa em um deslocamento rápido à escola ou no corredor, por exemplo.

“Conversar com adolescentes também exige paciência”, crava a autora. Mas também é um investimento.

Cleare sugere que tentemos cultivar diálogos sempre lado a lado, não com aquela postura verticalizada de sargento e soldado. E prescreve que, em vez de perguntas muito diretas, sondemos os filhos a partir das tangentes.

Defende, ainda, que, melhor do que querer ditar regras e lições, é preferível demonstrar curiosidade sobre os múltiplos aspectos da vida do jovem. E, parece óbvio, mas sempre cabe lembrar: assim como os pais exigem respeito, é essencial respeitar o espaço e as ideias do adolescente. E nunca forçar a barra.

Como abordar o adolescente?

No livro, Cleare oferece exemplos de como desentocar o filho, abrir a conversa e contornar a reatividade adolescente. Algo que se torna ainda mais crítico quando existem suspeitas de que o jovem esteja enfrentando problemas.

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Vejamos algumas situações e caminhos propostos pela autora:

Em vez de dizer:

“Qual é o problema?”

Diga:

“Você parece preocupado com alguma coisa.”

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Em vez de dizer:

“Vou falar o que você precisa fazer para resolver esse problema”

Diga:

“Você já pensou em alguma solução? O que já tentou fazer?”

Em vez de dizer:

“Eu não acredito que você fez isso”

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Diga:

“Essa foi uma decisão importante. Como se sente a respeito dela?”

Em vez de dizer:

“Eu acho que essa é uma má ideia”

Diga:

“Fico pensando no que poderia acontecer se você fizesse isso”

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Claro, se pintarem indícios de algo mais sério, como um comportamento agressivo ou sintomas de depressão e ideação suicida, o olhar e o cuidado devem se intensificar. E, se os pais sentirem necessidade de apoio, não devem hesitar em procurar um médico ou psicólogo.

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