Um debate sobre a existência do diabetes tipo 3, que envolveria uma conexão entre a enfermidade e a doença de Alzheimer, divide especialistas. Embora o termo não seja utilizado por sociedades médicas, como a Associação Americana de Diabetes, há profissionais que usam a terminologia ou a expressão “diabetes do cérebro” para abordar a eventual relação.
Alguns estudos in vitro e com cobaias sugerem que o diabetes tipo 2 aumentaria o risco para o desenvolvimento de Alzheimer e que isso estaria ligado com a resistência à insulina apresentada pelas células cerebrais. O quadro comprometeria o funcionamento dos neurônios, resultando em acúmulo de neurotoxinas, estresse neuronal e morte das células nervosas. Na análise dos cientistas que defendem a teoria, o mau funcionamento do hormônio teria relação direta com o declínio cognitivo característico do Alzheimer.
Um dos trabalhos foi divulgado em 2017 pela Mayo Clinic, nos Estados Unidos. A investigação relacionou a condição ao fato de que o diabetes danifica os vasos sanguíneos, o que afetaria o fornecimento de nutrientes ao cérebro. Também apontou que uma variante genética associada à enfermidade neurológica seria capaz de interferir no mecanismo de processamento de insulina do cérebro.
No entanto, o assunto ainda é controverso e os médicos, em sua maioria, não fazem esse tipo de diagnóstico nos pacientes. Está certo. Se não está provado pela ciência, é assim que deve ser neste momento.
Publicado em VEJA de 2 de março de 2022, edição nº 2778