O vinho já foi associado a diversos benefícios para a saúde, principalmente no que diz respeito ao coração. Mas um novo estudo, realizado pelo Fundo Mundial para Pesquisas sobre Câncer, sugere que meia taça da bebida – ou um copo pequeno – por dia já é o suficiente para aumentar o risco de câncer de mama em mulheres.
Na verdade, neste caso, o dano está associado ao álcool e não à bebida em si. Um copo pequeno de cerveja por dia também foi associado ao aumento do risco do tumor. Por outro lado, a prática regular de atividade física de alta intensidade pode reduzir a probabilidade de sofrer da doença.
“Com este relatório abrangente e atualizado, a evidência é clara: ter um estilo de vida fisicamente ativo, manter um peso saudável ao longo da vida e limitar o álcool – são todas as medidas que as mulheres podem tomar para reduzir seu risco.”, disse Anne McTiernan, uma das autoras do estudo.
Menos álcool, mais exercício
Os pesquisadores analisaram 119 estudos já existentes, totalizando 12 milhões de mulheres, das quais 260.000 desenvolveram câncer de mama. Os resultados mostraram que apenas 10 gramas de álcool por dia – o equivalente a um copo pequeno de vinho ou cerveja – aumenta o risco de câncer de mama na pré-menopausa em 5%. A mesma quantidade de álcool aumentou em 9% a probabilidade de câncer de mama na pós-menopausa, a forma mais comum do tumor.
Embora o estudo não tenha analisado a relação de causa e consequência entre o consumo de álcool e o aumento do risco de câncer de mama, existem diversas hipóteses que poderiam explicar essa associação. A conversão do álcool em acetaldeído é uma delas. “Em tecidos expostos, o álcool é convertido em acetaldeído, um químico que pode causar mutações no DNA, que podem, potencialmente, levar ao câncer “, disse Chin-Yo Lin, pesquisador do Centro de Receptores Nucleares e Sinalização Celular da Universidade de Houston, nos Estados Unidos, em entrevista à CNN.
Outra possível explicação é o aumento do estrogênio. “O consumo de álcool também está associado a níveis elevados do hormônio sexual feminino estrogênio. A exposição cumulativa excessiva ao estrogênio é um fator de risco importante no câncer de mama. Uma série de estudos têm mostrado que o álcool pode aumentar as ações de estrogênio em células de câncer de mama.”, disse Lin.
A revisão também mostrou que o excesso de peso e a obesidade aumentam a probabilidade de câncer de mama pós-menopausa. Por outro lado, a prática regular de atividade física diminuiu o risco dos dois tipos de tumor. Antes da menopausa, 45 minutos por dia de exercícios vigorosos, como corrida ou bicicleta, significaram uma redução de 17% no risco de câncer de mama. Após a menopausa, o impacto desse tipo de exercício foi de apenas 10%. Porém, a prática de atividades moderadas, como jardinagem ou caminhada, reduziu a probabilidade da doença em 13%.
Alimentação também contribui
No que diz respeito à dieta, o relatório concluiu que existem “evidências limitadas” que vegetais sem amido, como brócolis,
repolho, couve-de-bruxelas, alho-poró, feijão e espinafre podem diminuir o risco dos chamados cânceres de mama negativos aos receptores de estrogênio. Embora seja um tipo mais raro de câncer da mama, tende a ser mais agressivo e ter um pior prognóstico.
Também foi encontrada uma associação entre dietas ricas em laticínios, cálcio e carotenoides e uma redução no risco de câncer de mama. Carotenoides são pigmentos sintetizados por plantas, que frequentemente são responsáveis por sua coloração amarelada, laranja ou vermelha. Alguns alimentos ricos na substância são abóbora, damasco, cenoura, espinafre e couve.
“As conclusões indicam que as mulheres podem obter algum benefício ao incluir na dieta uma alta variedade de vegetais não-amiláceos, incluindo alimentos que contêm carotenoides. Isso também pode ajudar a evitar o comum acúmulo de peso de 500 gramas a um quilo por ano, o que é fundamental para reduzir o risco de câncer.”, disse Anne.
Câncer de mama no Brasil
O câncer de mama é o segundo tipo de tumor maligno mais incidente entre as brasileiras, atrás apenas do câncer de pele não melanoma, segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca). Para o Brasil, são esperados 57.960 casos novos de câncer de mama, com um risco estimado de 56,20 casos a cada 100.000 mulheres.