
O vírus da gripe suína já circula entre os brasileiros, anunciou na quinta-feira o ministro da Saúde, José Gomes Temporão. A notícia significa que não só as pessoas que foram ao exterior ou tiveram contato com quem viajou precisam ficar de sobreaviso: o vírus já é transmitido por qualquer um dentro do Brasil. Mas isso significa que, assim como no Japão e na China, a máscara vai passar a fazer parte do nosso cotidiano? A questão divide os especialistas ouvidos por VEJA.com. “O que acontece nesses países é uma demonstração de cidadania. A pessoa está contaminada, não está mal a ponto de ficar reclusa em casa, e não quer passar gripe para os outros. É um nível de amadurecimento social”, opina Celso Granato, chefe do setor de virologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Por outro lado, a infectologista Claudia Balbuena, do Serviço de Controle de Infecção do Hospital Israelita Albert Einstein, acredita que não é possível saber se o mesmo sistema que funciona em outros países seria eficaz no Brasil. “Os outros países têm uma população muito maior, vivem de um jeito muito mais apertado. Naquele contexto, é o melhor a se fazer”, comenta Balbuena.
Segundo o protocolo de manejo clínico e vigilância epidemiológica da doença, elaborado pelo Ministério da Saúde, os pacientes com infecção por influenza A(H1N1) devem utilizar máscara cirúrgica desde o momento em que for identificada a suspeita da infecção até a chegada ao local de isolamento.
Funciona? – De acordo com Granato, com a máscara, é possível evitar em 70% a 80% a transmissibilidade do vírus influenza A (H1N1). “O vírus mede micrômetros e é capaz de passar pelo vão (da máscara). Porém, ele sai em uma gotícula de água e a máscara consegue barrar essa gotícula que contamina a outra pessoa”, explica o infectologista da Unifesp.
Balbuena lembra, no entanto, que a máscara pode ter sua eficácia comprometida se não for utilizada corretamente. “Se você espirrar enquanto usa a máscara, ela vai ficar molhada e vai perder a função”, alerta.
Mudança de hábito – A infectologista do Hospital Albert Einstein reitera que mais importante que a máscara é o comportamento das pessoas. “O brasileiro não tem esse hábito de prevenção de infecção. Espirrar por causa da gripe, colocar a mão na frente e depois atender o telefone sem lavar as mãos já pode provocar uma transmissão”, diz.
Ela lembra que as recomendações básicas do Ministério da Saúde, como utilizar sempre um lenço descartável e lavar sempre as mãos, são essenciais para evitar a propagação da gripe. “Além disso, quem tem a doença precisa se comportar de forma adequada. O ideal é evitar sair de casa. Não se deve expor outras pessoas ao vírus.”