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Mariana Weickert, que teve Covid-19 na gravidez: “Fui do céu ao inferno”

A modelo e apresentadora de 38 anos conta seu drama às vésperas do parto

Por Mariana Weickert
Atualizado em 4 jun 2024, 13h57 - Publicado em 10 jul 2020, 06h00

Tem hora em que me arrepio e choro só de me lembrar do nascimento do Felipe. Eu vivia um momento pleno, estava prestes a ter meu menino tão desejado, mas, de um dia para outro, passei a experimentar um medo horrível. Testei positivo para Covid-19 quando estava na 38ª semana de gestação. E meu mundo desmoronou. Mesmo com sintomas brandos, comecei a tomar um antibiótico. Sete dias depois, na tarde de 26 de junho, fui ao Hospital Albert Einstein para fazer outro teste, na esperança de estar livre da doença e de que meu filho nascesse sem riscos. Aí veio o susto. Ao ser examinada pelo obstetra de plantão, ele viu que eu já estava com 5 centímetros de dilatação. Felipe veio ao mundo no início da noite, de parto normal — 3,08 quilos e 48 centímetros. Foi uma mistura de sentimentos ambíguos. Ao mesmo tempo que eu estava emocionada e muito feliz, também era assustador. Não pude beijá-lo, só dei um carinho contido e com muito receio de contaminá-­lo. O centro cirúrgico isolado e a equipe ultraprotegida com máscaras, face shields e roupas especiais me traziam a todo instante para a realidade do vírus.

Hoje, três semanas mais tarde, ainda não tive coragem de beijar o meu filho sem máscara, embora o pediatra tenha liberado. Passei da fase de contágio, e o Felipe testou negativo três vezes, mas me sinto insegura. Fico pensando em como me infectei e não entendo. Assim que apareceram os primeiros casos da doença, parei com as gravações do programa Domingo Espetacular (em que é repórter especial) e mudei com o meu marido e a minha filha, Theresa, de 2 anos, para uma casa alugada em Angra dos Reis. Fizemos um isolamento rigorosíssimo. Viramos até piada da família de tão neuróticos que estávamos com os cuidados. Quando pedíamos um delivery, as compras eram deixadas no gramado e desinfetadas ali mesmo. Na volta a São Paulo, onde eu teria o bebê, depois de três meses de quarentena, levamos sanduíches e sucos no carro para não ter de parar para comer e corrermos o risco de nos contaminar.

Mal sabíamos que já estávamos todos com o novo coronavírus. Na véspera da viagem, minha filha teve febre e vômitos. Achei que tinha sido porque ela havia pegado muito sol naquele dia. Logo depois, meu marido (o empresário Arthur Ferraz Falk) começou a ter dor de cabeça e eu fiquei com o corpo dolorido e o nariz congestionado. Só isso. Por insistência dele, resolvemos fazer o teste num esquema de drive-thru. Eu tinha certeza de que daria negativo. Quando saiu o resultado, fui do céu ao inferno. E agora? Passaram mil coisas pela minha cabeça: e se a gente desenvolver o quadro mais severo, e se o neném for contaminado, e se acontecer algo mais grave? Eu tinha consciência de que não havia sido negligente, mas ainda assim me sentia culpada por ter contraído o vírus e posto meu filho em risco.

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Chorei horrores quando o Felipe nasceu e vi que ele estava bem. É claro que eu tinha imaginado os últimos momentos de gravidez e um parto bem diferentes. Por causa da pandemia, não pude trabalhar até o fim da gestação, como fiz com minha primeira filha. Não deu tempo de arrumar o quartinho e acabei tendo de comprar tudo pela internet. Também não fiz o chá de bebê e não recebi visitas no hospital, nem mesmo dos meus pais. Eles só viram o neto até agora por vídeo. Estou mandando as lembrancinhas da maternidade, que são máscaras, além de álcool em gel e alfajores, para a família e os amigos e pedindo que eles me enviem fotos usando. Vou montar um álbum com esses registros. Depois de tudo, eu me sinto mais forte e aliviada por ter corrido tudo bem. O Felipão já nasceu cheio de histórias para contar. Sei que daqui a pouquinho vou estar sufocando ele de tantos beijos.

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Depoimento dado a Sofia Cerqueira

Publicado em VEJA de 15 de julho de 2020, edição nº 2695

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