Segundo uma nova pesquisa do Consórcio Global de Risco Cardiovascular publicada no The New England Journal of Medicine, 55% de todos os ataques cardíacos e episódios de AVC no mundo são evitáveis.
Os especialistas chegaram a essa conclusão após analisar os registros de saúde de mais de 1,5 milhão de pessoas de 34 países, incluindo o Brasil. Eles descobriram que mais da metade das doenças cardiovasculares estão ligadas a cinco fatores modificáveis com estilo de vida e tratamento médico:
- Excesso de peso
- Hipertensão
- Colesterol alto
- Tabagismo
- Diabetes tipo 2
Entre esses, o estudo concluiu que a pressão alta é o maior financiador de infartos e derrames. No geral, quando combinados, os cinco fatores representam 57% do risco cardiovascular das mulheres e 52% do risco cardiovascular dos homens.
“O objetivo do estudo foi obter uma melhor compreensão da distribuição global, da importância dos fatores de risco individuais e dos seus efeitos nas doenças cardiovasculares e na mortalidade geral a fim de traçar medidas preventivas específicas”, disseram os autores.
As maiores taxas de excesso de peso ocorreram na América Latina, enquanto a Europa registrou maiores índices de pressão arterial e colesterol elevados. Já os números do diabetes foram mais preocupantes no norte da África e no Oriente Médio.
O que mais está por trás do problema?
Se os fatores de estilo de vida modificáveis estão implicados em cerca de 55% das doenças cardíacas, o que se passa com os outros 45%? Não há resposta clara. Existem muitos outros fatores evitáveis a considerar – e outras questões que podem ser difíceis de remediar, a exemplo de herança genética e exposições ambientais.
“Há um número desconhecido de fatores individuais e sociais em jogo”, declarou Jaime Miranda, diretor da Escola de Saúde Pública da Universidade de Sydney, na Austrália, e coautor do artigo.
Aspectos como o impacto do trauma e da saúde mental no coração precisam ser exploradas, argumentou o pesquisador. Outros fatores que merecem investigação nesse contexto são o sedentarismo e a prática de atividade física, o consumo de álcool, a poluição atmosférica e sonora e o nível de escolaridade. Trata-se de um verdadeiro quebra-cabeça.
De qualquer forma, sabemos quais são os elementos críticos na história e é preciso atuar em cima deles. “Precisamos focar naqueles fatores que são bem conhecidos por nós e nos quais podemos de fato prevenir em vez de tratar”, afirmou Miranda.