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Jejum intermitente – se feito da maneira certa – pode ajudar a viver mais

Estudo em moscas, publicado na Nature, mostrou que a alimentação com restrição de tempo prolongou a vida e atrasou o início de marcadores de envelhecimento

Por Giulia Vidale Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 30 set 2021, 19h46 - Publicado em 30 set 2021, 18h32
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  • Um estudo publicado recentemente na renomada revista científica Nature mostrou que a alimentação com restrição de tempo, um tipo de jejum intermitente, pode aumentar a longevidade. O trabalho foi feito em moscas, mas acredita-se que essa descoberta possa ajudar a entender de que forma essa estratégia pode ajudar a combater o envelhecimento humano.

    Para medir o efeito do jejum intermitente sobre o envelhecimento, pesquisadores do Centro Médico Irving da Universidade Columbia, em Nova York, colocaram moscas da fruta em quatro dietas diferentes. Um grupo teve acesso irrestrito à comida; outro grupo teve acesso à alimentação apenas durante as 12 horas do dia; o terceiro grupo jejuou por 24 horas, seguido por 24 horas de alimentação irrestrita; e o último grupo foi colocado em regime de alimentação intermitente com restrição de tempo (iTRF, na sigla em inglês), que consistia em 20 horas de jejum, seguido por um dia de recuperação de alimentação ilimitada.

    LEIA TAMBÉM: Jejum para reduzir o risco cardíaco

    Entre os quatro grupos de moscas, apenas aqueles que seguiram o regime de alimentação iTRF apresentaram extensão significativa da expectativa de vida – 18% para fêmeas e 13% para machos. De acordo com os pesquisadores, o período de 20 horas de jejum foi um ponto crítico para sucesso da estratégia. A expectativa de vida aumentou apenas para as moscas que jejuaram à noite e quebraram o jejum na hora do almoço. Naquelas que jejuavam durante o dia e se alimentavam à noite, não houve mudança.

    O iTRF não apenas aumentou a expectativa de vida das moscas, o regime alimentar também melhorou a saúde das moscas, aumentando a função muscular e neuronal, reduzindo a agregação de proteínas relacionada à idade e retardando o início de marcadores de envelhecimento nos músculos e tecidos intestinais.

    Para os pesquisadores, o papel do tempo foi uma grande pista de como o jejum afeta a longevidade. Eles descobriram que um processo de limpeza de células começa após o jejum, mas apenas quando isso ocorre durante a noite. Esse processo é chamado autofagia e é conhecido por retardar o envelhecimento ao limpar e reciclar componentes danificados da célula.

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    “Descobrimos que os benefícios de prolongamento da vida do iTRF requerem um ritmo circadiano funcional e componentes de autofagia. Quando qualquer um desses processos foi interrompido, a dieta não teve efeito sobre a longevidade dos animais.”, disse em comunicado a especialista em ritmos circadianos Mimi Shirasu-Hiza, professora associada de genética e desenvolvimento da Universidade de Columbia, que liderou o estudo.

    Células humanas usam os mesmos processos de limpeza, então as descobertas levantam a possibilidade de que mudanças comportamentais ou medicamentos que estimulem o processo de limpeza possam fornecer benefícios de saúde semelhantes às pessoas, retardando doenças relacionadas ao envelhecimento e estendendo a expectativa de vida.

    “Qualquer tipo de restrição alimentar é difícil. “Exige muita disciplina, e a maioria dos estudos sobre jejum restrito em humanos inclui um dia de liberdade para torná-lo mais tolerável. Seria muito mais fácil obter os mesmos benefícios para a saúde se pudéssemos melhorar a autofagia farmacologicamente, especificamente à noite”, disse em comunicado Matt Ulgherait, pesquisador associado no laboratório e coautor do estudo.

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