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Indivíduos saudáveis podem testar positivo por tempo prolongado

Ainda são necessários mais estudos para avaliar a capacidade de transmissão do vírus em casos de infecção prolongada

Por Da Redação 20 dez 2021, 15h52

Um estudo da Plataforma Científica Pasteur-USP (SPPU, na sigla em inglês) mostrou que 8% dos pacientes com a forma leve da Covid-19, saudáveis e com sintomas leves, podem ter episódios de positividade prolongada – quando o coronavírus continua sendo detectado no organismo, mesmo após o fim dos sintomas. Porém, mais estudos ainda são necessários para avaliar a capacidade de transmissão do vírus em casos de infecção prolongada.

De acordo com Marielton dos Passos Cunha, pós-doutorando na SPPU e primeiro autor do artigo, os resultados levantam uma discussão sobre a necessidade da realização de testes após os 14 dias de afastamento do indivíduo infectado, para confirmar se o vírus foi de fato eliminado.

Até então, outros estudos sobre positividade prolongada mostravam pacientes com quadros de imunossupressão, associada a alguma doença ou a um transplante, o que explica a dificuldade no controle da infecção. “Já a nossa pesquisa trata de pacientes saudáveis, com defesa natural contra o vírus. Alguns fatores do hospedeiro podem estar ligados a essa positividade prolongada, como estado nutricional, condição imunológica e idade”, afirma o cientista.

A pesquisa faz parte de um projeto de monitoramento do SARS-CoV-2 na região metropolitana de São Paulo, cujas amostras foram coletadas entre março e novembro de 2020. Foram selecionados 38 pacientes positivos com sintomas leves para participar do estudo. “Nós coletamos amostras desses pacientes a cada semana para testagem. Três pacientes foram classificados como atípicos, pois se mantiveram positivos por mais tempo”, explica Cunha. Um dos pacientes é portador de HIV e testou positivo por 232 dias; já os outros dois testaram positivo durante 71 e 81 dias. No entanto, os indivíduos estiveram assintomáticos na maior parte do tempo. A pesquisa está sendo financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), pelo Instituto Pasteur e pelo Consulado da França em São Paulo, sob a coordenação da pesquisadora Paola Minóprio.

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Os pesquisadores ressaltaram que o paciente com HIV estava com a doença controlada naquele período, com a contagem normal de células do sistema imune, portanto, os dados sugerem que ele era tão capaz de responder ao vírus tanto quanto os outros dois pacientes. “Precisaríamos de um corte só de pacientes com HIV e que foram infectados pela Covid-19 para avaliar se o HIV interfere ou não na resposta imune contra o coronavírus”, aponta Cunha.

Apesar da alta durabilidade da infecção, os pesquisadores conseguiram caracterizar toda a sua duração – ou seja, no momento da última coleta, os pacientes testaram negativo. “Isso significa que o próprio sistema imune, apesar de ter alguma dificuldade inicial, conseguiu eliminar o vírus.”

O próximo passo é entender qual é o impacto epidemiológico desse fenômeno: se os vírus que continuam no organismo têm capacidade de estabelecer uma nova infecção em outro hospedeiro ou não. Além disso, o grupo está sequenciando amostras de novos pacientes que apresentaram quadros parecidos para verificar se existem mutações associadas à infecção prolongada e encontrar novas explicações.

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