O mesmo hormônio responsável pelas contrações uterinas durante o parto e pela liberação do leite materno pode ainda ajudar na perda de peso. Segundo uma pesquisa apresentada no 94º Encontro Anual da Sociedade de Endocrinologia, que acontece até esta terça-feira em Houston, nos Estados Unidos, a oxitocina – também chamada de ‘hormônio do amor’ – foi eficaz no controle de peso de animais obesos. A descoberta pode levar ao desenvolvimento de novos tratamentos antiobesidade.
CONHEÇA A PESQUISA
Título original: Peripheral Oxytocin Treatment Reduces Food Intake and Ameliorates Obesity, Fatty Liver and Glucose Intolerance in Diet-Induced Obese Mice
Onde foi divulgada: 94º Encontro Anual da Sociedade de Endocrinologia, em Houston, EUA
Quem fez: Yuko Maejima e equipe
Instituição: Universidade de Medicina Jichi, no Japão
Resultado: A administração de oxitocina por implantes nos animais ajudou a reduzir a quantia de alimento ingerida, a gordura localizada no fígado e gordura abdominal, além de melhorar a tolerância à glicose. Não houve efeitos adversos sob a pressão arterial ou sobre as atividades locomotoras dos animais.
A oxitocina é um hormônio produzido pelo cérebro durante, principalmente, o parto, a amamentação e o sexo. Na pesquisa realizada por Yuko Maejima, da Universidade de Medicina Jichi, no Japão, o hormônio estava ainda relacionado com o controle da quantia de alimento consumida e com o metabolismo. “Essas descobertas revelam novos efeitos antiobesidade e antissíndrome metabólica para a oxitocina”, diz Maejima. “Nossos resultados fornecem um caminho para o desenvolvimento de um tratamento para a obesidade baseado na oxitocina.”
Para induzir a obesidade, os pesquisadores alimentaram camundongos machos e fêmeas com uma dieta rica em gordura. Foram, então, administradas doses de oxitocina tanto por injeções, durante 17 dias; quanto com o uso de implantes, por 13 dias.
Os pesquisadores descobriram que injeções diárias de oxitocina foram eficazes em reduzir a quantia de alimento consumida em camundongos. Essas injeções reduziam ainda o peso corporal não apenas durante o estudo, mas até nove dias após o fim do tratamento. Resultados similares foram encontrados quando a oxitocina foi administrada por implantes nos animais. Esse método também reduziu a gordura localizada no fígado, melhorou a tolerância à glicose e diminuiu a gordura abdominal.
A aplicação com uso de implantes conseguiu ainda reduzir o tamanho das células de gordura e não afetou os níveis de pressão sanguínea ou de atividade física. “A descoberta de que o tratamento periférico com oxitocina não tem efeito nos níveis de pressão sanguínea ou nas atividades locomotoras dos animais sugere que a oxitocina pode não ter influencia sob o sistema cardiovascular ou nas emoções”, diz Maejima.