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Hidroxicloroquina não previne Covid-19, comprova estudo inédito

Um rigoroso estudo feito com 821 pessoas expostas a pacientes infectados pelo vírus mostrou que o medicamento não reduz o risco de infecção

Por Da redação
Atualizado em 3 jun 2020, 19h03 - Publicado em 3 jun 2020, 17h39
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  • O uso de hidroxicloroquina não foi capaz de prevenir a infecção por coronavírus em pessoas expostas a pacientes doentes. A conclusão é do primeiro ensaio clínico randomizado, controlado e duplo-cego a avaliar a eficácia do medicamento na prevenção da Covid-19. Esse tipo de estudo, no qual os pacientes são selecionados aleatoriamente para receber um tratamento experimental ou um placebo, é considerado a maneira mais confiável de medir a segurança e a eficácia de um medicamento. Os resultados serão publicados no periódico científico The New England Journal of Medicine nesta quarta-feira, 3.

    “A mensagem para levar para o público é que, se você é exposto a alguém com Covid-19, a hidroxicloroquina não é uma terapia preventiva e pós-exposição eficaz”, disse David R. Boulware, da Universidade de Minnesota.

    Realizado por pesquisadores da Universidade de Minnesota, o estudo incluiu 821 pessoas dos Estados Unidos e do Canadá que tiveram exposição de risco alto ou moderado a pacientes infectados. Cerca de 66% eram profissionais de saúde e os demais foram expostos ao vírus pois moravam na mesma residência que um paciente infectado.

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    Todos os voluntários foram recrutados on-line e a idade média era de 40 anos. Foi considerado risco alto qualquer exposição a uma distância menor que um metro e oitenta entre a pessoa e o doente por mais de dez minutos, sem máscara nem escudo facial. Já no risco moderado, as pessoas usaram máscara, mas não o escudo facial. Todos os participantes eram saudáveis ​​e não tinham problemas de saúde que poderiam tornar perigoso o uso da hidroxicloroquina.

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    Os participantes foram selecionados aleatoriamente para receber hidroxicloroquina ou um placebo e, em seguida, foram acompanhados por 14 dias. Os resultados mostraram que entre aqueles que tomavam hidroxicloroquina, 11,8% adoeceram. No grupo placebo, a taxa foi de 14,3%. De acordo com os pesquisadores, a diferença não é significativa estatisticamente. A droga também não tornou a doença menos grave.

    A apresentação de efeitos colaterais, como náusea, também foi mais comum no grupo que tomou o medicamento: 40,1% em comparação com 16,8% no grupo placebo. Por outro lado, não houve relato de efeitos adversos graves ou problemas com o ritmo cardíaco – um dos principais e mais preocupantes efeitos da hidroxicloroquina é a arritmia.

    LEIA TAMBÉM: Dá para transmitir o novo coronavírus pelo sexo?

    Vale ressaltar que o medicamento foi enviado diretamente até os participantes e o estado de saúde deles foi aferido por ferramentas on-line aos pesquisadores. Alguns participantes tiveram o diagnóstico da doença confirmado por exames e outros, apenas pelo relato dos sintomas, devido à escassez de testes no período do estudo.

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    Os resultados vêm em bom momento, dado que muitas pessoas começaram a tomar o medicamento para tentar prevenir a infecção, após o presidente dos Estados Unidos Donald Trump revelar que estava tomando uma pílula por dia de hidroxicloroquina para prevenir a Covid-19, mesmo sem nenhuma evidência sobre a eficácia e segurança da prática. “Eu tenho tomado isso [hidroxicloroquina] há uma semana e meia. Uma pílula todos os dias ”, disse Trump a repórteres na Casa Branca durante um jantar com executivos do setor de restaurantes e da indústria.

    O estudo não abordou se a hidroxicloroquina pode prevenir a infecção por coronavírus se o tratamento começar antes de elas serem expostas ao paciente doente. Mas essa possibilidade está sendo estudada em outros ensaios clínicos envolvendo profissionais de saúde e de emergência médica.

    OMS retoma estudos com hidroxicloroquina

    Nesta quarta-feira, a Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou a retomada dos estudos com cloroquina e hidroxicloroquina. Eles haviam sido interrompidos após um grande estudo publicado no periódico científico The Lancet associar o uso do medicamento a um risco aumentado de morte.

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