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Fiocruz aponta excesso de 40% em mortes de gestantes pela pandemia

Mesmo considerando a expectativa de aumento das mortes em geral, ainda houve um excedente de 14%

Por Diego Alejandro
19 jan 2023, 17h20
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  • Novos dados trazidos pelo Observatório Covid-19, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), nesta quinta-feira 19, apontam um excesso de 40% em óbitos maternos de gestantes e puérperas em 2020, comparados aos anos pré-pandêmicos.

    Segundo o estudo, o aumento é desproporcional, já que excesso nesse grupo é 14% maior que o aumento das mortes em geral, decorrentes da pandemia de Covid-19. Ou seja, os números mostram os altos impactos diretos e indiretos da pandemia na mortalidade materna. “A desigualdade social desempenha um papel central na explicação do excesso de mortes maternas. Há alta ocorrência no país de comorbidades cuja etiologia envolve processos inflamatórios, que são fatores de risco para complicações da Covid-19, como obesidade, hipertensão, diabetes e vasculopatia”, escreveram os autores.

    Os dados são referentes aos registros do primeiro ano da crise sanitária, em 2020, quando houve 529 mortes de gestantes e puérperas diretamente causadas pelo novo coronavírus, especialmente entre grávidas no segundo e terceiro trimestre.

    A equipe de pesquisa ainda identificou que gestantes tinham 337% mais chance de hospitalização pela doença em comparação com a população geral. Em relação à necessidade de internação em uma Unidade de Terapia Intensiva, a probabilidade foi 73% maior. “O excesso de óbitos teve a Covid-19 não apenas como causa direta, mas inflacionou o número de mortes de mulheres que não conseguiram acesso ao Pré-Natal e condições adequadas de realização do seu parto no país”, afirma o pesquisador da Fiocruz, Raphael Guimarães, principal autor do estudo.

    Para ele, é importante identificar os grupos mais afetados e direcionar medidas para que tenham uma maior eficácia em medidas de cuidado e proteção, visto que a pandemia afetou todos de maneiras diferentes. Guimarães também cita que o atraso na vacinação de gestantes e puérperas pode ter “sido decisivo na maior penalização destas mulheres”.

    O estudo, publicado na revista científica BMC Pregnancy and Childbirth, utilizou dados do Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe) para catalogar as mortes pela Covid-19, e comparou com informações do Sistema de Informações sobre Mortalidade de 2020 e dos cinco anos anteriores para realizar a média antes da pandemia.

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