Um novo teste de urina permite analisar diversos genes diferentes associados ao câncer de próstata de alto grau. O exame, desenvolvido por pesquisadores da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, pretende preencher uma grande lacuna no diagnóstico da doença: distinguir a forma de crescimento lento do câncer de próstata – improvável de causar danos – do mais agressivo, que necessita de tratamento imediato. Os resultados foram publicados no periódico científico JAMA Oncology.
Trata-se do teste MyProstateScore2.0, ou MPS2, que se mostrou mais eficiente na identificação de cânceres agressivos, com sensibilidade de 95% para detectar tumores de próstata de alto grau.
Redução de biópsias desnecessárias
A alta assertividade do teste também vai ajudar médicos e pacientes a evitarem biópsias desnecessárias, já que elas são normalmente indicadas para a verificação da existência de um câncer – enquanto 11% são evitadas com o teste de PSA (Antígeno Prostático Específico – realizado a partir de uma amostra de sangue), o MPS2 evitaria até 41%.
Como o MPS2 identifica cânceres de próstata de alto grau, ou seja, os mais agressivos, os pesquisadores concluiram ainda que uma segunda biópsia também poderia ser evitada, caso a primeira desse negativa, porque mesmo com a existência de um câncer, seria de baixo risco e, portanto, não exigiria tratamento imediato.
Já para a outra parcela dos pacientes, que não têm um resultado de baixo risco no MPS2, os médicos podem decidir realizar uma segunda biópsia para confirmar se há câncer de próstata de alto grau presente. Basicamente, o novo teste ajudar a filtrar os casos em que uma segunda biópsia pode ou não ser necessária, poupando os pacientes do desconforto e de riscos associados a esse procedimento.
O MPS2 já está disponível na LynxDx, empresa associada à Universidade de Michigan, com licença exclusiva para comercializar o teste.
Números do câncer de próstata
O câncer de próstata é o segundo tipo de tumor mais comum entre os homens e a segunda principal causa de morte relacionada a esse tipo de doença no país. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), espera-se que, até 2025, cerca de 72 mil novos casos sejam diagnosticados por ano. Atualmente, o Brasil é o quarto país que concentra mais casos, atrás apenas dos Estados Unidos, China e Japão.
Um novo levantamento da comissão científica do periódico The Lancet sobre o câncer de próstata também traz dados preocupantes: o número de casos anuais da doença deve dobrar em 2040 em relação aos episódios notificados em 2020, saltando de 1,4 milhões para 2,9 milhões. A projeção indica ainda que os óbitos por ano podem aumentar 85% no período, um indicativo de que os programas de rastreio para evitar diagnósticos em fase tardia precisam ser intensificados.