Estudo identifica nova variante de coronavírus em São Paulo
Cepa tem alteração em proteína responsável por se conectar às células humanas; embora pouco presente, mutação preocupa cientistas

Uma nova variante do coronavírus foi identificada no Brasil por um grupo de pesquisadores que inclui profissionais da Fundação Oswaldo Cruz e de laboratórios centrais em saúde pública em diversos estados.
Segundo estudo publicado no fórum Virological, a nova cepa do SARS-CoV-2, o vírus da Covid-19, apresenta uma mutação na proteína Spike, também identificada como “S” . Nomeada de E484K, essa mutação está ligada à capacidade do vírus se conectar às células humanas e pode aumentar a transmissibilidade da doença.
O estudo esclarece que a epidemia de coronavírus no Brasil foi dominada por duas linhagens do SARS-CoV-2, designadas como B1.1.28 e B 1.1.33. A primeira se divide em dois subgrupos,- P.1 e P.2 -, que têm sido prevalentes no território nacional. A mutação descoberta faz parte da segunda linhagem e foi identificada como VOI N9 (Variante de interesse número 9), entre novembro de 2020 e fevereiro de 2021.
“Essa linhagem já está bastante dispersa no país. O VOI N.9 foi detectado pela primeira vez no estado de São Paulo em 11 de novembro de 2020, e logo depois em outros estados brasileiros do Sul (Santa Catarina), Norte (Amazonas e Pará) e Nordeste (Bahia, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí e Sergipe)” escreveram os pesquisadores.
O cientistas destacam que essa nova variante apresentou baixa prevalência, de aproximadamente 3%, do total de casos de Covid-19 no Brasil, mas que preocupa por ser uma das mutações mais importantes, que podem contribuir para a evasão imunológica de pacientes que contraírem a doença. O estudo afirma ainda que a mutação “reduz a potência de neutralização de indivíduos convalescentes e vacinados”.
Desde o início da pandemia, os cientistas já identificaram diversas mutações do SARS-CoV-2, revelando uma grande capacidade dele se adaptar ao corpo humano. A variante P.1, por exemplo, foi responsável por um novo surto em Manaus, depois que a capital do Amazonas já apresentava queda no número de casos. Novas cepas identificadas no Reino Unido e na África do Sul têm se mostrado mais transmissíveis e mais letais do que o vírus original que iniciou a pandemia na China.
“A implementação de medidas eficientes de mitigação no Brasil é crucial para reduzir a transmissão na comunidade e prevenir o surgimento recorrente de variantes mais transmissíveis que podem agravar ainda mais a epidemia no país”, conclui o estudo.