Pesquisadores do hospital St. Jude Research Children’s, nos Estados Unidos, descobriram como uma ligação entre duas proteínas na leucemia mieloide aguda (LMA) permite que as células cancerígenas resistam à quimioterapia e que interromper essa conexão pode facilitar muito o tratamento, inclusive para outras formas da doença.
O estudo, que figura na revista científica Nature Communications, se baseou em descobertas passadas do aumento extremo de uma proteína chamada ABCC4 em casos agressivos de LMA. A equipe de pesquisa, então, procurou outras proteínas que pudessem interagir com ela e habilitar sua função. A triagem de centenas de proteínas candidatas resultou em uma, MPP1, que também é bastante aumentada em casos de LMA.
De acordo com o trabalho, a conexão dessas duas proteínas permitia que as células assumissem as características de leucemia altamente proliferativas. Os experimentos também revelaram que ambas funcionavam na membrana celular, onde poderiam desempenhar um papel no mecanismo que livraria as células cancerígenas das drogas quimioterápicas.
“Quando interrompemos sua interação, o ABCC4 saiu da membrana e as células se tornaram mais sensíveis aos medicamentos usados na LMA, que são bombeados para fora dela”, disse John Schuetz, membro do Departamento de Ciências Farmacêuticas de St. Jude e líder da pesquisa.
Os pesquisadores identificaram ainda compostos que poderiam interromper a conexão das proteínas. Um, chamado antimicina-A, reverteu a resistência aos medicamentos em células de pacientes com LMA. Entretanto, esse ingrediente é muito tóxico para ser usado na quimioterapia, embora sua identificação deva ajudar os cientistas na busca por outras drogas.
“As descobertas também podem permitir que os médicos identifiquem pacientes com LMA com altos níveis de ABCC4 e MPP1 e assim beneficiá-los com medicamentos que aumentem a eficácia da quimioterapia padrão”, afirmou Schuetz. Além disso, observou ele, outros tipos de câncer apresentam medidas similares das duas proteínas, incluindo câncer de mama, cólon e meduloblastoma.