Um grupo de pesquisadores conseguiu, pela primeira vez, decifrar o genoma da bactéria causadora da clamídia, uma das doenças sexualmente transmissíveis mais disseminadas do mundo, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). Para os especialistas, essa descoberta pode ajudar no desenvolvimento de um tratamento mais efetivo da doença.
A pesquisa
O que diz
Pesquisadores conseguiram decifrar ao genoma da bactéria Chlamydia trachomatis, causadora da clamídia.
Por que é importante
O conhecimento do genoma da bactéria pode levar ao desenvolvimento de novos tratamentos para a doença, inclusive a criação de uma vacina. Por enquanto, a doença só é tratada com antibióticos.
O estudo foi feito pelo Grupo de Microbiologia Molecular da Universidade de Southampton, na Inglaterra, e pelo Departamento de Virologia da Universidade Ben Gurion, em Negev, Israel, e foi publicado no periódico PLoS Pathogens, e também foi a escolha do editor no periódico Science.
Durante anos, os cientistas não foram capazes de conhecer completamente a bactéria Chlamydia trachomatis e nem de manipular o seu genoma. Isso dificultou o progresso das pesquisas sobre os problemas que ela provoca, como a uretrite não gonocócica e a cervicite por clamídia.
Saiba mais
CLAMÍDIA
É uma infecção causada pela bactéria Chlamydia trachomatis e pode atingir órgãos genitais masculinos e femininos. É muito comum entre adolescentes e jovens adultos. Se não tratada, pode causar problemas como infertilidade, dor durante as relações sexuais e gravidez nas trompas. É comum não ter sintoma algum ou então apresentar dores ao urinar, corrimento, sangramento fora de época da menstruação e dor nos testículos. Pode ser diagnosticada por médicos em consultas clínicas, exames específicos e coletas se secreções genitais, e tratada com antibióticos. Não existe vacina para prevenir a doença, que pode ser evitada somente com o uso de preservativos.
“Isso é um avanço muito significativo no estudo da clamídia e nós estamos orgulhosos de sermos os primeiros a alcançar esses resultados”, disse Ian Clarke, professor da Universidade de Southampton. Os pesquisadores acreditam que esse avanço possa, eventualmente, levar ao desenvolvimento de uma vacina contra a bactéria, além de novas intervenções terapêuticas.
A clamídia é uma infecção perigosa, pois, além de ser uma epidemia silenciosa, já que a maioria dos casos não mostra sintomas, é muitas vezes intratável. Ela pode causar doenças inflamatórias pélvicas, infertilidade e gravidez fora do útero.
“Antes, as pessoas não conseguiam estudar a genética da clamídia e isso criou uma barreira para estudos que compreendessem essa doença. Nosso estudo abrirá um novo campo para entender a doença, promovendo um melhor entendimento de sua genética”, conclui Clarke.