Clique e Assine VEJA por R$ 9,90/mês
Continua após publicidade

Estudo aponta piora da saúde bucal em pacientes após cirurgia bariátrica

Análises feitas na Unifesp mostram aumento de cáries, gengivite e doença periodontal, além de alterações salivares associadas à desmineralização dos dentes

Por Julia Moióli, da Agência Fapesp
28 ago 2023, 10h31
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Pessoas com obesidade mórbida em dieta preparatória para a cirurgia bariátrica e também aquelas que já passaram pelo procedimento tendem a apresentar piora no estado de saúde bucal, com maior ocorrência de cáries, gengivite e doença periodontal. Essa é a conclusão de um estudo realizado por cientistas da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), cujos resultados foram divulgados em artigos no Journal of Oral Rehabilitation e na revista Clinical Oral Investigations. Na avaliação dos autores, os achados reforçam a importância de um profissional de odontologia participar do acompanhamento desses pacientes.

    Publicidade

    Durante seis meses, o grupo de pesquisadores financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) acompanhou cem pacientes (divididos em dois grupos: dieta e gastroplastia) da Clínica Bariátrica de Piracicaba, centro de referência no interior paulista, responsável pela realização de 50 cirurgias mensais, sendo a maior parte delas pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Por meio de questionários, exame bucal e amostras de saliva e de raspados de bochecha, foram avaliadas as mudanças dietéticas, a redução de peso, os marcadores inflamatórios, a microbiota bucal (por sequenciamento) e a saúde dentária e periodontal. As análises foram feitas em três momentos: antes, três e seis meses após a cirurgia ou o início da dieta.

    Publicidade

    “Mesmo orientando os pacientes para que realizassem os cuidados básicos de higiene [uso de fio dental e três escovações por dia], verificamos uma piora significativa na saúde bucal, com aumento no número de dentes cariados e piora do índice periodontal em ambos os grupos, mas especialmente naquele submetido à cirurgia, em um curto período de tempo”, conta Paula Midori Castelo Ferrua, professora do Departamento de Ciências Farmacêuticas da Unifesp e coordenadora do trabalho.

    A análise de marcadores da saliva apontou uma queda na capacidade de tamponamento dos ácidos (ação que impede a desmineralização do esmalte dentário). Já o sequenciamento genômico bacteriano indicou que a microbiota também sofre alterações de diversidade – especialmente no grupo cirurgia –, aumentando a proporção de microrganismos que causam periodontite.

    Publicidade

    Os pesquisadores acreditam que as profundas mudanças dietéticas sejam a causa da piora da saúde bucal, por exemplo, a maior frequência diária de refeições sem um aumento associado do número de escovações, além da consistência alimentar, que passa a ser líquida ou pastosa nos primeiros meses pós-cirurgia. “Nesse caso, os alimentos têm menos fibras e não são mastigados, o que faz com que acabem aderindo mais ao esmalte dentário, acentuando a formação do biofilme em sua superfície”, explica Castelo. “E sem a mastigação, há menor secreção de saliva e menor efeito tamponante.”

    Continua após a publicidade

    Reforços para o futuro

    Entre os anos de 2017 e 2022, foram realizadas no Brasil mais de 300 mil cirurgias bariátricas pelos planos de saúde e pelo SUS. As equipes responsáveis pelos cuidados desses pacientes são multidisciplinares e incluem médicos, fisioterapeutas, nutricionistas e psicólogos. Porém, apesar da grande mudança dietética pré e pós-cirurgia, capaz de comprometer a saúde dos dentes e gengivas, odontologistas não fazem parte dessa lista.

    Publicidade

    Segundo os autores, os resultados deste trabalho mostram que o acompanhamento da saúde bucal é fundamental antes, durante e após a cirurgia bariátrica. Também indicam o caminho a ser seguido pelos pesquisadores da área: determinar a melhor intervenção preventiva ou terapêutica de doenças bucais durante as fases de dieta e pós-cirúrgica, testando métodos já consagrados na odontologia, como aplicação de flúor, reforço na escovação, uso de fio dental e de enxaguatório bucal, e avaliando sua viabilidade financeira e facilidade de implementação pelo sistema público de saúde.

    “No futuro, também é importante que sejam consolidadas diretrizes específicas de saúde bucal para o público que busca tratamento para a obesidade mórbida”, defende Castelo.

    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Domine o fato. Confie na fonte.

    10 grandes marcas em uma única assinatura digital

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo
    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de 9,90/mês*

    ou
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de 49,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.