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Esclerose múltipla: inovações transformam diagnóstico e tratamento

Uso de inteligência artificial e medicamento que reduz recaídas estão entre novidades; 'Falta de informação gera doenças mais graves', diz paciente

Por Paula Felix Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 30 set 2024, 21h54

De causa desconhecida, a esclerose múltipla não tem cura, mas tem sido cercada pelas novas tecnologias e medicamentos inovadores para acelerar o diagnóstico e melhorar o controle dos sintomas, que podem envolver fadiga, problemas de coordenação motora, alterações na fala e dificuldade para deglutir. Inteligência artificial (IA)e fármacos capazes de reduzir recaídas em longo prazo em pacientes com diagnóstico precoce estão entre as novidades.

A IA tem permitido que os médicos monitorem as regiões do cérebro atingidas pela doença neurológica autoimune, algo importante para nortear o tratamento. Na esclerose múltipla, o sistema imunológico se volta contra bainha de mielina, estrutura de reveste os neurônios. Sem esse invólucro, as células nervosas podem sofrer danos. No Brasil, estima-se que cerca de 40 mil pessoas têm o diagnóstico. No mundo, o número flutua entre 2 milhões e 2,5 milhões de pessoas.

No Hospital Israelita Albert Einstein, na capital paulista, uma ferramenta de IA capaz não só de reconhecer, mas de quantificar as lesões, está em uso há mais de um ano e meio e já beneficiou 1.200 pacientes. A tecnologia foi desenvolvida pela startup argentina EntelAI, acelerada pela Eretz.bio, ligada ao Einstein.

“É uma forma de quantificar um componente que vai diminuindo para acompanhá-lo ao longo do tempo, verificar se teve melhora e comparar com outros dados conforme sexo e idade”, explica Gilberto Szarf, gerente de Pesquisa, Inovação e Novos Negócios do Departamento de Diagnóstico de Imagem do Einstein. “A gente tem uma ferramenta que detecta alterações e combina com dados que confirmam, de fato, o avanço da doença.”

Esse monitoramento da progressão ajuda, inclusive, a colocar as pessoas que vivem com a condição mais a par do quadro, ampliando o conhecimento sobre a doença e permitindo uma relação mais transparente, tendo em vista que muitas pessoas temem a esclerose múltipla.

“É uma doença muito prevalente que acomete mais mulheres na faixa dos 40 anos e é sabemos que ela é progressiva. Para algumas pessoas, pode ser devastador. A IA é uma aliada”, afirma Marcos Queiroz, diretor de Medicina Diagnóstica do Einstein.

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Avanços no tratamento

Até 1996, não havia tratamento para o controle dos sintomas da esclerose múltipla. Foi a partir deste ano que os fármacos se desenvolveram e que um trabalho intenso de sensibilização e conscientização sobre a doença foi iniciado.

“Desde então, o avanço para conter a doença foi muito amplo, talvez o maior avanço na neurologia, temos mais de dez medicamentos que podem controlar a esclerose múltipla. São orais, injetáveis e endovenosos. Hoje, fala-se em escolha personalizada”, explica Henry Sato, chefe do setor de Neuroimunologia do Instituto de Neurologia e Cardiologia de Curitiba.

Uma das drogas usadas no tratamento é o ofatumumabe, que, em estudo apresentado no Congresso Anual da Academia Americana de Neurologia deste ano, demonstrou capacidade de reduzir em 44% as recaídas agudas e de 96,4% de lesões no cérebro e na medula espinhal.

Os resultados foram obtidos em pacientes com até três anos de diagnóstico e que nunca tinham recebido nenhum tratamento acompanhados por um período de seis anos. De nome comercial Kesimpta, entrou para o rol da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) em setembro do ano passado.

Sem medo da esclerose múltipla

Em meio à pandemia de covid-19 e no início da gestação, a historiadora Maureen Elina Javorski, de 38 anos, teve um episódio de alteração visual que a deixou sem enxergar com o olho direito e teve medo de não poder ver o próprio filho. Ela teve de ser atendida com urgência e, após uma bateria de exames, que incluiu a retirada do líquor da medula espinhal, recebeu o diagnóstico.

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“O médico falou: ‘Não procure nada no Google’. Achei que não ia mais andar, pegar meu filho no colo, que ia morrer. Fiquei com muito medo.”
Foi com acesso a informações e suporte médico e de outros pacientes que descobriu que poderia enfrentar os sintomas. Maureen diz que convive com algo chamado de “o abraço da esclerose”.

A historiadora Maureen Elina Javorski foi diagnosticada com esclerose múltipla na gravidez
A historiadora Maureen Elina Javorski foi diagnosticada com esclerose múltipla na gravidez (Maureen Elina Javorski/Arquivo pessoal)

“Sinto como se tivesse um espartilho na região lombar me pressionando as costas, mas que me causa dores físicas. Mesmo assim, consigo andar e ter vida normal, apesar dessa cinta imaginária.”

Ela conta que vive sem medo da esclerose múltipla. “Tenho de me cuidar e tomar os medicamentos para ver meu filho crescer. Não tenho opção de não levantar da cama. Sei que o meu tratamento é eterno e que a falta de informação gera doenças mais graves.”

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