Uma paciente de 57 anos que sofria de insuficiência cardíaca biventricular grave se tornou a primeira mulher a receber um coração totalmente artificial. O procedimento foi realizado por uma equipe da Universidade de Louisville e do Hospital Judaico de Louisville, nos Estados Unidos, como parte de um estudo clínico que busca confirmar a eficácia e segurança do dispositivo desenvolvido pela empresa francesa Carmat.
O dispositivo já havia sido implantado com sucesso em homens, mas essa é a primeira vez que é utilizado em mulheres. Em geral, as limitações de tamanho podem dificultar o implante de corações artificiais em mulheres. “O coração artificial Aeson é compacto o suficiente para caber dentro cavidades torácicas menores, mais frequentemente encontradas em mulheres, o que dá esperança a uma maior variedade de homens e mulheres que esperam por um transplante de coração e aumenta as chances de sucesso”, disse em comunicado o cirurgião cardíaco Mark S. Slaughter, da UofL Health do Hospital Judaico e da Universidade de Louisville.
O Hospital Judaico é apenas uma de quatro instituições autorizadas a realizar o procedimento nos Estados Unidos. Até o momento, três transplantes já foram realizados no país. Mas, na Europa, onde o coração totalmente artificial da Carmat já está aprovado, cerca de 20 homens já carregam o dispositivo.
“Este terceiro implante nos EUA foi um marco não só porque nos permitiu finalizar o recrutamento da primeira coorte de pacientes do estudo, mas muito porque é a primeira vez que nosso dispositivo ajuda uma mulher que sofre de insuficiência cardíaca. Essa conquista confirma que as limitações de tamanho para adultos são mínimas, o que nos deixa muito confiantes no potencial da Aeson para se tornar a terapia de escolha para uma ampla população de pacientes.”, disse em comunicado Stéphane Piat, CEO da Carmat.
Cerca de 3.500 pacientes aguardam um transplante de coração no país. O procedimento é uma questão de vida ou morte para muitos. Entretanto, devido à escassez de doadores, a maioria não é contemplado. “Há uma necessidade constante de inovar e encontrar substitutos para o transplante de coração.”, ressaltou Siddharth Pahwa, um dos dois principais cirurgiões cardiotorácicos no procedimento, na Conferência Carmat Artificial Heart News.
Atualmente, já está disponível um dispositivo de assistência ventricular esquerda, ou seja, dá assistência apenas ao lado esquerdo do coração. Para aqueles pacientes mais graves, em que os lados esquerdo e direito do coração não conseguem bombear o sangue de maneira adequada, há poucas opções de tratamento. O que faz do dispositivo da Carmat uma potencial virada de jogo para milhares de pacientes.
Outra vantagem do dispositivo da Carmat é que ele ajusta automaticamente o fluxo sanguíneo, criando um desempenho aprimorado para atender às necessidades do corpo. Entretanto, o dispositivo não é indicado como um acessório permanente, mas funciona como uma ponte para o transplante. É uma medida temporária para manter os pacientes vivos enquanto esperam por um novo coração.