Doenças orais como gengivite e periodontite – inflamações na gengiva que provoca sangramento – podem agravar a Covid-19 e levar ao desenvolvimento de doença grave. É o que mostra uma pesquisa publicada na revista europeia de odontologia Thieme, realizada com base na avaliação de 81 estudos de três bancos de dados eletrônicos – MEDLINE/PubMed, Scopus, Cochrane Controlled register of Trials – de janeiro de 2020 a fevereiro de 2021. Uma pesquisa manual também foi realizada no Google e no Google Scholar. “Esses estudos mostram que a presença de SARS-CoV-2 em altas concentrações em tecidos gengivais inflamados podem abrir portas para o coronavírus, tornando-o mais virulento e contribuindo para o agravamento dos sintomas”, diz Mauro Macedo, cirurgião dentista e membro da Academia Brasileira de Odontologia (AcBO).
Outro estudo, publicado no Journal of Clinical Periodontology, mostrou que pacientes com Covid-19 que apresentam doenças gengivais têm 3,5 vezes mais probabilidade de serem internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) e 4,5 vezes mais necessidade de ventilação mecânica. O risco de morte pela doença nesses mesmos pacientes, foi 9 vezes maior se comparado aos infectados com a gengiva saudável. “Tecidos inflamados que revestem a cavidade bucal, são prováveis portas abertas para infecção, replicação e transmissão do Sars-CoV-2, pois apresentam células capazes de permitir a entrada do coronavírus no hospedeiro”, explica a odontóloga Elisa Grillo, pesquisadora voluntária do Hospital Universitário da UnB (HUB).
A gengivite e a periodontite, porém, é uma doença comum, que pode ser prevenida e tratada. “A prevenção sempre será melhor do que o remediar”, afirma Macedo.