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Doação de Sangue: Como doar? Quem pode? Quem não pode?

Mesmo sendo um assunto de importância global, números de doadores são muito baixos. No Brasil, apenas 1,4% da população doa sangue com frequência

Por Simone Blanes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 14 jun 2023, 15h04

Nesta quarta-feira 14, dia Mundial do Doador de Sangue, o Ministério da Saúde lançou a Campanha Nacional para a Doação de Sangue a fim de sensibilizar a população sobre a importância de manter o hábito da doação regular e os estoques de hospitais abastecidos, já que o consumo de hemoderivados é diário e contínuo em todo o país – uma única doação pode ajudar a salvar até quatro vidas.

Segundo dados da pasta de novembro de 2022, apenas 1,4% da população nacional doa sangue com frequência, o que representa 14 pessoas a cada mil habitantes e um total de 3.159.774 milhões de doações de sangue por ano no Sistema Único de Saúde (SUS). Isso significa que o Brasil está dentro da recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS) de que 1% a 3% da população de cada país deve ser doadora, mas ainda é pouco. O Ministério alerta ainda que, nesta época do ano, costuma ocorrer uma baixa nos estoques de sangue, devido à proximidade das férias escolares, festas juninas, além da mudança de estação, com a chegada do inverno.

Mesmo sendo um problema global reconhecido internacionalmente, os números também são baixos ao redor do mundo, o que também contrapõe com a alta demanda diária e faz com que muitas pessoas tenham cirurgias adiadas ou tratamentos interrompidos pela falta de sangue. Exatamente por isso, em 2014, a OMS estabeleceu um dia específico – 14 de junho – para o doador de sangue não só com a intenção de conscientizar as pessoas sobre a necessidade de dispor de sangue seguro para transfusões, mas para celebrar o apoio fundamental desses voluntários aos sistemas de saúde.

Em 2015, o Ministério da Saúde instituiu ainda a campanha Junho Vermelho, de incentivo para novos doadores a fim de manter os estoques dos hemocentros pelo Brasil. Neste ano, porém, o enfoque é no estado de São Paulo, onde a situação é de alerta, com estoques da Fundação Pró-sangue operando em nível crítico, com menos de 40% da sua capacidade e os sangues do tipo O-, O+ e B- , com menos de 10% da capacidade ideal, de acordo com dados da Secretaria de Saúde paulista.

Segundo as organizações de saúde, um dos principais motivos para a falta de doações e consequentemente os estoques baixos tem a ver com a desinformação, que cria dúvidas, receios e preconceitos sobre o processo de doação. Um deles, muito comum é o doador sentir mal-estar após o procedimento, que acontece pela diminuição da quantidade total de volume sanguíneo no sistema circulatório de um indivíduo naquele momento. Essa alteração pode resultar em uma hipotensão arterial (queda de pressão) e promover sintomas temporários como tontura e a indisposição. Mas basta permanecer sentado por pelo menos 15 minutos após a doação, aumentar a ingestão de líquidos ao longo do dia e evitar esforços físicos por pelo menos 12 horas para o corpo normalizar.

Como doar sangue?

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Pessoas interessadas devem procurar um Hemocentro (lista de hemocentros no Brasil) para verificar se está apto a doar sangue e se encaixa nos requisitos necessários. É importante ressaltar também as diferenças entre doadores do sexo masculino e feminino: para os homens, o intervalo de doação é de dois meses, com no máximo quatro doações anuais; e para as mulheres, as doações podem ser feitas com intervalos de três meses, sendo restrita a três doações por ano.

Entre os requisitos para doação estão: ter entre 16 e 69 anos; ter mais de 50kg; já ter doado alguma vez para pessoas maiores de 60 anos; se menor de 18 anos, apresentar autorização dos pais ou responsáveis; mostrar identificação oficial com foto (carteira de identidade, carteira nacional de habilitação, carteira de trabalho, passaporte, registro nacional de estrangeiro, certificado de reservista e carteira profissional ou documentos digitais com fotos).

No dia da doação de sangue, é necessário dormir ao menos seis horas nas 24h anteriores ao procedimento; alimentar-se bem, evitando alimentos gordurosos por pelo menos três horas antes; e caso doe após o almoço, aguardar pelo menos duas horas.

Existem ainda impedimentos temporários ou definitivos para a doação de sangue. Entre os temporários, estão pessoas com gripe, resfriados ou febre (necessário aguardar 7 dias até o desaparecimento dos sintomas); mulheres gestantes, em período de pós-parto (esperar 90 dias se parto normal e 180 se cesárea), ou em amamentando (aguardar o primeiro ano de aleitamento materno do bebê); pessoas que tenham consumido bebida alcoólica (esperar 12h após a ingestão); pessoas que tenham feito tatuagem ou colocado piercing (esperar 12 meses para doar); checar se as condições de realização desses procedimentos forem seguras (após avaliação da entrevista); pessoas que fizeram extração dentária (aguardar 72h); pessoas com casos de apendicite, hérnia, varizes ou que retiraram as amígdalas palatinas (esperar 3 meses); que passaram por procedimentos de colecistectomia (retirada da vesícula biliar), histerectomia (retirada do útero ou do colo do útero), nefrectomia (retirada de um dos rins), redução de fraturas, politraumatismos sem sequelas graves, tireoidectomia (remoção da glândula tireoide), colectomia (retirada de parte ou de todo o intestino grosso) ou que passaram por exames ou procedimentos com aparelhos endoscópicos (aguardar 6 meses); pessoas que fizeram transfusão de sangue (aguardar 1 ano); que foram vacinadas (tempo de impedimento varia de acordo com o imunizante); que foram expostas à situações de risco acrescida de infecções sexualmente transmissíveis (aguardar 12 meses após o contato); que tiveram malária (na maioria dos casos, esperar 12 meses).

Entre as pessoas que não podem doar sangue estão pacientes que tiveram hepatite após os 11 anos de idade; suspeita ou evidência clínica ou laboratorial de hepatites B e C, do HIV, do HTLV e doença de Chagas; usuários de drogas ilícitas injetáveis; e pessoas que colocaram piercing na cavidade oral ou região genital

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Sangue Raro

O primeiro critério essencial para uma transfusão segura e eficaz é comprovar a compatibilidade do sistema ABO e o fator Rh, que indica se o sangue é positivo ou negativo. Além desse sistema, o mais conhecido, existem pelo menos 43 grupos com mais de 378 antígenos, que se referem à presença ou não de uma substância na membrana do glóbulo vermelho.

Para o sucesso de uma transfusão, a compatibilidade é absolutamente fundamental, já que fatores incompatíveis do sistema ABO podem levar um paciente a quadros graves e à morte, pois o sistema imunológico entende que aqueles glóbulos vermelhos diferentes são corpos estranhos e devem ser destruídos.

Além dos grupos sanguíneos mais importantes dos sistemas ABO, Rh, Kell, Duffy e Kidd, ainda existem os sangues raros, muito mais difíceis de encontrar entre doadores e pacientes como os tipos de sangue de antígeno U-, Vel- e Kidd nulo. Por conta deles, existe um Cadastro Nacional de Sangue Raro (CNSR) no país que opera em parceria com o Ministério da Saúde em busca de doadores de sangue raro e seus familiares.

 

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