A dengue avança no Brasil. O número de casos da doença entre janeiro e 16 de março já chega a 229.064, um aumento de 264% em relação ao mesmo período do ano passado. No Estado de São Paulo o aumento no mesmo período foi de 2.124% – foram 83.045 casos registrados nas primeiras 11 semanas de 2019 – uma proporção de 182,4 infecções a cada 100.000 habitantes – contra 3.734 em 2018.
As mortes também tiveram um aumento importante. De acordo com o boletim lançado nesta terça-feira, são 62 registros, 67% a mais do que em 2018. Destes, 31 ocorreram no Estado de São Paulo, o equivalente a 50% do registro nacional. Para o Ministério da Saúde, São Paulo já desperta grande preocupação, em virtude do expressivo número de casos.
Três Estados – Tocantins, Acre, Mato Grosso do Sul – já estão em epidemia. Tocantins tem a maior relação de casos por habitantes do País. São 602,9 casos por 100.000 habitantes. Em seguida, vem Acre (com 422,8 casos por 100.000 habitantes.), Mato Grosso do Sul (368,1 casos por 100.000 habitantes), Goiás (355,4 casos por 100.000 habitantes). No Mato Grosso do Sul, alguns municípios decretaram situação de emergência.
Também preocupam o Ministério da Saúde os Estados de Minas Gerais (261,2 casos/100.000 habitantes),Espírito Santo (222,5 casos por 100.000 habitantes) e Distrito Federal (116,5 casos por 100.000 habitantes). Embora Goiás tenha indicadores que tradicionalmente possam ser considerados como epidêmicos, o Ministério da Saúde aguarda para fazer esse tipo de classificação. No ano passado, os registros foram semelhantes.
O coordenador do Programa de Dengue do Ministério da Saúde, Rodrigo Said, atribui o avanço da doença sobretudo à volta da circulação do sorotipo 2 do vírus da dengue. Como fazia tempo que esse sorotipo não circulava, há maior risco de uma parcela mais significativa da população estar suscetível.
A dengue é provocada por quatro sorotipos do vírus. Quando uma pessoa se infecta com um dos tipos, ela não adoece mais com esse agente, mas permanece suscetível aos demais. A última epidemia por sorotipo 2 ocorreu em 2002.
Zika
Os casos de zika também aumentaram, mas de forma mais discreta. Até 2 de março, foram 2.062 registros. No mesmo período, foram contabilizados 1.908 casos prováveis. A maior incidência foi em Tocantins – com 47 casos a cada 100.000 habitantes – e o Acre, com 9,5 casos a cada 100.000 .
Uma nova pesquisa sugere que a vacina contra a febre amarela pode ser eficaz contra o zika. O trabalho, realizado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e pela Fundação Oswaldo Cruz, mostrou que a vacina da febre amarela protegeu camundongos da infecção do vírus zika em laboratório, reduzindo sua a carga do no cérebro e prevenindo deficiências neurológicas, segundo informações da BBC Brasil.
Os próximos passos são entender os mecanismos de proteção contra o vírus desenvolvidos a partir da vacina da febre amarela e realizar testes em primatas. Desde 2016, quando houve um surto da doença no país e comprovou-se a associação do vírus com casos de microcefalia e malformações neurológicas em bebês há uma corrida no desenvolvimento de uma vacina eficaz contra a doença.
Chikungunya
A chikungunya, por sua vez, registrou uma redução de 44%. Até 16 de março, foram 12.942 casos. Em 2018, foram 23.484. As maiores incidências são no Rio de Janeiro (39,4 casos/100.000 habitantes.), Tocantins (22,5 casos/100.000 habitantes), Pará (18,9 casos/100.000 habitantes.) e Acre (8,6 casos/100.000 habitantes). Em 2019, não foram confirmados óbitos por chikungunya. No mesmo período de 2018, foram confirmadas nove mortes.
Said ressalta a importância de se adotar medidas para combater o mosquito transmissor das três doenças, o Aedes aegypti. Em alguns Estados, como Tocantins, há um risco de tripla epidemia. Equipes estão acompanhando gestantes infectadas pela zika.
Brumadinho
O coordenador afirmou que equipes do ministério acompanham a situação na região mineira atingida pelo rompimento da barragem da Vale. Há uma preocupação de que, com o impacto ambiental provocado pela tragédia, haja um expressivo aumento de vetores, incluindo o Aedes aegypti. De acordo com ele, os números de dengue aumentaram na região de Betim. Nas demais cidades da região, os números estão estáveis.
(Com Estadão Conteúdo)