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Covid-19: Variante inglesa não aumenta gravidade nem risco de morte

Dois estudos recentes concluíram que a nova cepa é mais transmissível, mas não afeta severidade da doença

Por Giulia Vidale Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 12 abr 2021, 19h57 - Publicado em 12 abr 2021, 19h40
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  • A B.1.1.7.. variante do novo coronavírus identificada na Inglaterra, a primeira entre as novas cepas descobertas, é mais transmissível, mas não aumenta a gravidade da doença nem o risco de morte. Essa é a conclusão de dois estudos publicados nesta segunda-feira, 12, nas revistas científicas The Lancet Infectious Diseases e The Lancet Public Health.

    O primeiro deles, um estudo observacional de pacientes internados em dois hospitais de Londres, entre 9 de novembro e 20 de dezembro de 2020, concluiu que a B.1.1.7. não está associada a doenças mais graves e morte, mas parece levar a uma carga viral mais alta. Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores compararam a gravidade da doença em pessoas infectadas pela nova variante ou pela cepa original.

    Os pacientes com a variante tendiam a ser mais jovens, com 55% de infecções em pessoas com menos de 60 anos em comparação com 40% para aqueles que não foram infectados pela B.1.1.7. No entanto, não foi encontrado maior risco de gravidade da doença nem de morte associado à variante.

    Por outro lado, os resultados revelaram que a carga viral – a quantidade de vírus no nariz e garganta de uma pessoa – de pacientes infectados pela nova cepa era significativamente maior que a dos demais.  “Um dos pontos fortes de nosso estudo é que ele foi realizado ao mesmo tempo em que B.1.1.7. estava se espalhando por Londres e pelo sul da Inglaterra. Analisar a variante antes do pico de internações hospitalares e quaisquer pressões causadas no serviço de saúde nos deu uma janela de tempo crucial para obter insights vitais sobre como B.1.1.7. difere em gravidade ou mortalidade de pacientes hospitalizados da cepa da primeira onda”, explicou Eleni Nastouli, pesquisadora da Universidade College London Hospitals NHS Foundation Trust e do Instituto de Saúde Infantil UCL Great Ormond Street, em comunicado.

    LEIA TAMBÉM: Afinal, a Covid-19 está mesmo mais grave nos adultos jovens?

    Vale ressaltar que o estudo tem algumas limitações, incluindo o fato da análise da gravidade da doença ter sido feito apenas até o 14º dia após o resultado positivo do exame e o fato deles não terem considerado o tipo de tratamento ao qual os pacientes estavam sendo submetidos.

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    “A descoberta de que a infecção da linhagem B.1.1.7 não conferiu risco aumentado de doença grave e mortalidade nesta coorte de alto risco é tranquilizadora, mas requer confirmação adicional em estudos maiores.”, escreveram  Sean Wei Xiang Ong, Barnaby Edward Young eDavid Chien Lye, do Centro Nacional de Doenças Infecciosas de Singapura, em um comentário que acompanhou a publicação do estudo.

    Outro estudo, publicado no The Lancet Public Health, analisou dados registrados por 37.000 usuários do Reino Unido em um aplicativo que coleta sintomas da Covid-19. Os resultados dos testes de Covid-19 e do auto-relato de sintomas da doença enviados através do aplicativo foram combinados com dados de vigilância da Covid-19 mantidos pelo UK Genetics Consortium e pela Public Health England para analisar possíveis associações entre a proporção regional de infecções causadas pela B.1.1.7. e sintomas, duração da doença, taxas de reinfecção e transmissibilidade.

    O estudo foi realizado durante 13 semanas em que a proporção de casos de Covid-19 causados pela B.1.1.7. aumentou em Londres, além das regiões sudeste e leste da Inglaterra. A análise não encontrou novos sintomas, nem sintomas mais duradouros associados à variante. Também não há evidência de que a a B.1.1.7. aumente a probabilidade de reinfecção.

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    No entanto, os autores descobriram que a nova variante aumentou a taxa de infecção, o famoso “R”, em 1,35 vezes em comparação com a cepa original, o que é mais um indicativo de sua maior transmissibilidade. Um ponto positivo é que apesar desse aumento, o número R ficou abaixo de 1 no período do estudo – indicando queda na transmissão – durante o período de lockdown instituído naquelas regiões.

    “A riqueza de dados capturados pelo aplicativo Covid Symptom Study forneceu uma oportunidade única para procurar mudanças potenciais nos sintomas e na duração da doença associada à variante B.1.1.7. De forma tranquilizadora, nossos resultados sugerem que, apesar de ser mais facilmente disseminada, a variante não altera o tipo ou a duração dos sintomas experimentados e acreditamos que as vacinas atuais e as medidas de saúde pública provavelmente permanecerão eficazes contra ela.”, afirmou Mark Graham, pesquisador da King’s College London, no Reino Unido, em comunicado.

    Como no estudo anterior, esse tem limitações que incluem a impossibilidade de avaliar os efeitos causais da B.1.1.7. e a possibilidade de os usuários terem cometido erros ao inserir suas informações por meio do aplicativo.

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    De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a cepa detectada em dezembro na Inglaterra já está presente em pelo menos 130 países, incluindo o Brasil. Dados preliminares indicam que ela não é menos suscetível às vacinas, o que era uma preocupação de especialistas. O Reino Unido já vacinou com ao menos uma dose 48,2% da população.

    Acompanhe a vacinação no Brasil:

     

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