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Covid-19: Oxford inicia nova fase de vacina, com mais de 10 mil pessoas

As próximas etapas irão avaliar a resposta imune à vacina em pessoas de diferentes faixas etárias e seu funcionamento em um grande número de indivíduos

Por Da redação
Atualizado em 22 Maio 2020, 19h37 - Publicado em 22 Maio 2020, 13h05

Nesta sexta-feira, 22, a Universidade de Oxford anunciou o início das fases II e III de sua vacina para o novo coronavírus. De acordo com os pesquisadores, os ensaios clínicos estão “progredindo muito bem” e na próxima etapa 10.260 pessoas, entre adultos e crianças, serão imunizadas no Reino Unido. Esse é considerado o imunizante mais promissor em desenvolvimento por diversos especialistas.

O estudo clínico em humanos da vacina desenvolvida pela universidade começou no início de abril. Na fase I, mais de 1.000 adultos saudáveis receberam a vacina e essas pessoas ainda estão em acompanhamento. A fase II do estudo envolve a expansão da faixa etária e passa a incluir idosos e crianças. Até o momento, apenas adultos com idade entre 18 e 55 anos estavam incluídos nos testes de avaliação da segurança do imunizante.

Agora, os cientistas querem avaliar a resposta imune à vacina em pessoas de diferentes idades, para descobrir se há variação dessa resposta em pessoas idosas ou crianças, que tem um sistema imunológico diferente de adultos saudáveis. Já a fase III do estudo envolve analisar como a vacina funciona em um grande número de pessoas com mais de 18 anos de idade.

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Os participantes adultos dos grupos fase II e fase III serão randomizados para receber uma ou duas doses da vacina ChAdOx1 nCoV-19 (contra o coronavírus) ou da vacina MenACWY, que será usada como “controle” para comparação. A vacina MenACWY é usada pra proteger contra uma das causas mais comuns de meningite e sepse e é administrada rotineiramente em adolescentes no Reino Unido desde 2015.

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De acordo com os pesquisadores, a razão para usar esta vacina, em vez de um controle salino, é porque efeitos colaterais como dor no braço, dor de cabeça e febre são esperados em quem recebe a vacina contra o novo coronavírus. No entanto, a injeção de solução salina não causa nenhum desses efeitos colaterais e, se ela fosse usada, os participantes estariam cientes de que haviam recebido a nova vacina. Isso poderia impactar nos resultados, pois poderia afetar o comportamento de saúde dos voluntários após a vacinação e levar a um viés nos resultados do estudo.

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Como funciona a vacina

A ChAdOx1 nCoV-19 é produzida a partir de um vírus (ChAdOx1), que é uma versão enfraquecida de um adenovírus que causa o resfriado comum em chimpanzés. Ele foi geneticamente modificado para impedir a infecção em humanos. A esse imunizante, foi adicionado material genético usado para produzir proteínas as proteínas Spike do SARS-CoV-2, nome oficial do novo coronavírus.

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Essas proteínas são as responsáveis pela entrada do vírus nas células humanas. A expectativa é que após a aplicação da vacina o corpo reconheça e desenvolva uma resposta imune à proteína Spike, que ajude a impedir que o vírus SARS-CoV-2 entre nas células humanas e, portanto, evite a infecção.

Quando sairá o resultado

A avaliação da eficácia de uma vacina é feita pela comparação do número de infecções no grupo controle com o número de infecções no grupo vacinado. Portanto, é necessário esperar que um determinado número de participantes desenvolva o Covid-19. “A rapidez com que atingiremos os números necessários dependerá dos níveis de transmissão de vírus na comunidade. Se a transmissão continuar alta, podemos obter dados suficientes em alguns meses para ver se a vacina funciona, mas se os níveis de transmissão caírem, isso pode levar até 6 meses.”, escreveram os pesquisadores em um comunicado à imprensa.

Financiamento

Na quinta-feira, 21, o Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA anunciou o financiamento no valor de até 1,2 bilhão de dólares – equivalente a 6,7 bilhões de reais – à farmacêutica AstraZeneca para acelerar o desenvolvimento da vacina de Oxford. Recentemente, a farmacêutica firmou uma parceria com a universidade para viabilizar a produção do imunizante em larga escala caso ele se mostre eficaz.

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De acordo com informações do The New York Times, o acordo do governo americano com a farmacêutica é o quarto e de longe o maior contrato de pesquisa de vacinas divulgado pelo departamento. O objetivo é que o dinheiro seja usado para pagar por um ensaio clínico fase III realizado nos Estados Unidos com cerca de 30.000 voluntários. O comunicado afirma ainda que a agência e a AstraZeneca “estão colaborando para disponibilizar pelo menos 300 milhões de doses” aos EUA. A projeção é que as primeiras doses estejam disponíveis já em outubro.

Caso a vacina se prove eficaz, serão necessárias bilhões de doses para imunizar toda a população mundial, já que o coronavírus afetou o mundo todo. O desafio é como garantir uma produção massiva em pouco tempo. Em outro comunicado divulgado também na quinta-feira, 21, a AstraZeneca afirmou ter fechado acordos para garantir a produção de pelo menos 400 milhões de doses e ter capacidade de fabricação garantida para um bilhão de doses. O início da distribuição está previsto para setembro. A empresa disse ainda que discutindo acordos para produção simultânea por outras empresas, incluindo o gigante Serum Institute of India, um importante fornecedor de vacinas para o mundo em desenvolvimento.

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