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Covid-19: o que é o spray nasal de Israel defendido por Bolsonaro

Presidente anuncia que irá solicitar à Anvisa a aprovação de uso emergencial do medicamento, que ainda está na etapa inicial de testes clínicos

Por Giulia Vidale Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO , Camila Nascimento Atualizado em 15 fev 2021, 17h28 - Publicado em 15 fev 2021, 15h06

O presidente Jair Bolsonaro informou nesta segunda-feira, 15, por meio do Twitter, que será enviado em breve para a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) um pedido para o uso emergencial do spray nasal EXO-CD24, desenvolvido pelo Centro Médico Ichilov, em Tel-Aviv (Israel), no tratamento da Covid-19. No entanto, o composto ainda está na fase inicial de testes clínicos.

O EXO-CD24 é uma proteína desenvolvida originalmente para tratar câncer no ovário. Mas, recentemente, pesquisadores do  hospital Tel-Aviv Sourasky Medical Center decidiram testá-la no combate à Covid-19. Um estudo preliminar realizado com 30 pacientes, em estado moderado a grave, mostrou que 29 se recuperaram de três a cinco dois dias após o uso inalável do fármaco. O 30º paciente também se recuperou, mas de forma mais lenta. A posologia descrita é a seguinte: uma aplicação a cada 24 horas ao longo de cinco dias.

Os resultados foram recebidos com entusiasmo. Nadir Arber, pesquisador à frente do estudo, disse que é uma “grande descoberta”. O primeiro ministro israelense, Benjamin Netanyahu falou sobre “droga milagrosa”, mas admitiu que ainda são necessárias mais evidências. Segundo informações do jornal local The Times of Israel, Netanyahu disse à Arber: “Se der certo, será enorme, simplesmente enorme. Isso é de importância global”.

Embora promissores, esses resultados ainda são extremamente iniciais. Para comprovar a eficácia do tratamento, é necessário incluir um grupo maior de pacientes e, em metade deles, administrar um placebo para comparar como o doença se desenvolve nos dois grupos. Vale lembrar que diversos medicamentos que pareciam promissores contra a doença na fase inicial de testes não tiveram sucesso quando chegou à derradeira fase 3, que compara sua eficácia com o placebo. Portanto, até que testes mais robustos tenham sido realizados, é preciso cautela. O Centro Médico Ichilov, em Tel-Aviv,  já solicitou ao Ministério da Saúde local permissão para a realização de um ensaio de fase 2, que inclui um número maior de pacientes e permite avaliar melhor a segurança e o potencial de eficácia do fármaco.

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No tratamento da Covid-19, o EXO-CD24 atua no combate à tempestade de citocinas, uma reação exagerada do sistema imune que se acredita ser responsável por muitas das mortes associadas à doença. O composto usa exossomos — pequenos sacos transportadores de materiais — que levam a proteína CD24 aos pulmões. Esta proteína ajuda a acalmar o sistema imunológico e conter a tempestade. Como é inalado, ele vai diretamente aos pulmões, sem causar efeitos colaterais.

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Na sexta-feira, Bolsonaro havia dito que o Brasil poderia participar da fase 3 de testes clínicos do spray. Mas ainda não foi feita nenhuma solicitação de estudo à Anvisa. Questionada sobre a possibilidade de aprovação do uso emergencial do medicamento, a Anvisa não se manifestou até a publicação desta reportagem.

Defesa do spray

Não é a primeira vez que Bolsonaro fala do spray. Em uma live nas redes sociais na semana passada, o presidente anunciou que iria conversar com o premiê israelense Benjamin Netanyahu para importar o remédio. “Já está acertado o encontro virtual para falarmos sobre esse novo spray que está servindo, pelo menos experimentalmente, para pessoas em estado grave. Está em estado grave? Toma, poxa, vai esperar ser intubado?”, disse o presidente na transmissão ao vivo.

Durante a mesma live, o presidente comparou o spray nasal com as vacinas contra Covid-19, que já apresentaram estudos clínicos, inclusive de fase três, atestando a sua eficácia. “Lá (Israel) está sendo desenvolvido, em fase final, um remédio para curar a Covid-19. Quando falei do remédio lá atrás, levei pancada, entraram na pilha da vacina. O cara que entra na pilha só da vacina é um idiota útil, porque devemos ter várias opções. Para quem está contaminado, não adianta vacina”, afirmou.

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