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Coronavírus: tira-dúvidas e dicas de como se prevenir

A pandemia trouxe muitas questões. VEJA ouviu especialistas e esclarece as principais perguntas

Por Giulia Vidale Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO , Mariana Rosário Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 nov 2020, 09h54 - Publicado em 26 mar 2020, 22h35

O surto de coronavírus se tornou uma pandemia. Diariamente, o número de casos de contaminação e de mortes aumenta de forma exponencial. A vida cotidiana de milhões no mundo inteiro foi afetada de alguma forma. Escritórios, lojas e fábricas fecharam e as pessoas estão isoladas dentro de casa.

A crise gerou dúvidas em relação ao que costumavam ser tarefas simples. A maçaneta da porta está limpa? Posso sair de casa? Como lavar minhas roupas? Posso abraçar meus avós? E assim por diante. Ao mesmo tempo, surgiram questões novas e complexas. Existe teste para todo mundo? Não estou me sentindo bem, o que devo fazer? Mantenho minha consulta no médico ou cancelo? Como sei que estou com coronavírus?

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Para ajudar, VEJA preparou um tira-dúvidas com as perguntas mais frequentes sobre como agir durante a pandemia e qual é o cenário atual da doença no Brasil.

Quais são os sintomas associados ao coronavírus? Os sintomas mais comuns são febre, tosse seca, dor de garganta, cansaço e dificuldade para respirar. Pode haver também perda de olfato e paladar e quadros de diarreia.

Como a doença é transmitida? Pelo contato com gotículas expelidas por alguém contaminado.

Vidros blindados usados em lotéricas e redes de mercados entre os atendentes e clientes protegem essas pessoas da transmissão do novo coronavírus?

Sim, os vidros nem precisam ser blindados. Basta que funcionem como uma barreira para as secreções que podem ser expelidas na fala, em tosses e espirros. Essa defesa, no entanto, não libera os funcionários e clientes de seguirem outros protocolos de segurança como higienizar as mãos após pegar objetos expostos e manter a distância segura de 1,5 metro de outras pessoas que não estejam protegidas por vidros.

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Covid-19 é sexualmente transmissível? Não há evidência científica de que seja uma doença transmitida por contato sexual, mas é sabido que a saliva, fezes e urina são transmissores da doença. Portanto, os beijos precisam ser evitados, assim como os contatos face a face, entre outros tipos de interação que possam aproximar o parceiro de secreções transmissoras do novo coronavírus.

Quanto tempo demora para os sintomas aparecerem? A maioria das pessoas adoece cinco a sete dias após a infecção, mas os sintomas podem aparecer em um período que varia de dois a 14 dias.

Estou com sintomas de gripe, o que devo fazer?  Se você estiver com sintomas leves, a recomendação é ficar em casa isolado, repousar e se hidratar. Antitérmicos e analgésicos podem ser usados em casos de dor e febre. “Não recomendamos anti-inflamatório por causa dos efeitos colaterais. Antigripais também não são indicados porque podem mascarar o aparecimento de sintomas relevantes. Se a febre aumentar, o quadro piorar repentinamente ou houver dificuldade para respirar, é hora de ir ao hospital”, diz o infectologista Celso Granato, diretor médico do Grupo Fleury.

Quem deve ir ao hospital? Só deve ir ao hospital quem estiver se sentindo muito mal ou apresentar sintomas como febre alta e dificuldade para respirar. Se for só um resfriado ou gripe leve, a recomendação é ficar em casa. “Ir ao hospital sem necessidade pode tanto sobrecarregar o sistema quanto coloca a pessoa em maior risco de contrair uma infecção”, explica o infectologista.

Como diferenciar uma gripe comum do coronavírus? Os sintomas das duas infecções são praticamente iguais, embora nariz escorrendo e entupido seja menos comum na infecção por coronavírus. Mas a única forma de saber se a infecção é causada por H1N1 ou coronavírus é por exame laboratorial.

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Devo fazer teste específico para coronavírus? Atualmente, os testes específicos para a doença só estão sendo feitos em pessoas com sintomas graves da doença, pois não há teste disponível para todos.

Tive contato com uma pessoa com coronavírus. O que devo fazer? O ideal é ficar isolado ou, no mínimo, evitar contato com outras pessoas – em especial idosos – por 15 dias. Se nesse período aparecerem sintomas como febre, dor de garganta, coriza e dor no corpo, use máscara e procure um hospital.

Quais são os medicamentos mais usados hoje para tratar a doença? Ainda não existe tratamento específico para coronavírus. O tratamento depende dos sintomas e da gravidade do quadro. Para quem está em casa, com sintomas leves, os únicos medicamentos recomendados são paracetamol e dipirona em caso de dor ou febre. Para quadros mais graves, que exigem internação hospitalar, varia de acordo com os sintomas e a decisão será da equipe médica. Atualmente, ao menos seis tratamentos estão em fase de estudo para combater o novo coronavírus, inclusive a cloroquina e hidroxicloroquina. Mas vale ressaltar que nenhum está aprovado e todos estão sendo testados e administrados em ambiente hospitalar. Em hipótese alguma deve haver automedicação com esses remédios.

A hidroxicloroquina, a cloroquina e a azitromicina funcionam contra o coronavírus? Ainda não se sabe. Nenhum medicamento foi aprovado para tratar o novo coronavírus, mas médicos do mundo todo têm administrado desesperadamente diversos medicamentos nos pacientes em busca de algo eficaz, incluindo essas três opções.  Diversos estudos clínicos bem desenhados sobre o uso dos medicamentos com o coronavírus estão em desenvolvimento. Basta ter paciência e esperar os resultados. “Acredito que em pouco tempo teremos um tratamento para a covid-19, mas é preciso cautela. Não dá para usar um medicamento sem ter certeza de sua eficácia e segurança, pois já aconteceram muitas interpretações equivocadas na história. A lidocaína, por exemplo, foi muito usada no tratamento de infarto e anos depois descobriu-se que ela causou a morte de muita gente, então é preciso realizar testes rigoroso antes de liberar um medicamento.”, diz o infectologista David Urbaez, do Laboratório Exame, que integra a Dasa.

Tomar esses medicamentos vai me proteger contra a infecção? Não e ainda pode colocar sua vida em risco. “A automedicação pode representar um grave risco à sua saúde”, alerta a Anvisa em comunicado. A cloroquina e a hidroxicloroquina podem ter graves efeitos colaterais, incluindo sérios problemas cardíacos, renais e no fígado.

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Todo paciente com coronavírus precisa de respirador? Não. O respirador e outras medidas de suporte são indicadas apenas para os casos graves, que são a minoria. “O respirador vai ser usado quando a pessoa não conseguir respirar com o próprio pulmão e isso é exceção”, afirma Granato.

Já existe uma vacina para coronavírus? Ainda não existe vacina para coronavírus. O teste clínico em humanos de duas possíveis vacinas já começou. Um nos EUA e outro na China, mas ainda é cedo para dizer se elas serão seguras ou capazes de induzir uma imunidade forte, que é o objetivo da vacina. Felizmente, médicos e cientista estão otimistas. “Acredito que até o final do ano teremos uma vacina pronta para uso. Mas, no momento, essa opção não existe”, afirma Granato.

Existe algum modo de prevenir a doença? Sem a vacina, as únicas formas de prevenir a doença são: distanciamento social e higiene. Evitar aglomerações, lavar as mãos com frequência, usar álcool gel, evitar tocar o rosto e praticar a etiqueta respiratória. Também é importante manter uma alimentação balanceada, praticar atividade física regularmente e dormir bem para manter uma boa imunidade.

Qual é o jeito certo de lavar as mãos? Uma boa lavagem de mãos leva pelo menos 20 segundos – tempo suficiente para cantar “Parabéns a você”. Lave as duas faces da mão, entre os dedos, fazer uma conchinha para lavar embaixo da unha e depois escoar com água. Evite usar as mãos limpas para fechar a torneira. Se necessário, use uma toalha de papel. A recomendação é lavar as mãos a cada duas horas ou sempre que chegar da rua.

O que é etiqueta respiratória? É ter cuidado ao tossir e espirrar. Use um lenço de papel sempre que for tossir ou espirrar e, sem seguida, descarte-o. Na ausência do lenço, espirre sobre o antebraço, em vez de usar as mãos para proteger o rosto. “Com isso você evita a dispersão dessas gotículas pelo ar.”, explica Granato.

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Quem deve usar máscara? Apenas pessoas doentes devem usar máscara, pois ela impede que ele espalhe gotículas contaminadas com vírus ao falar, espirrar ou tossir.

Qual é o tipo de máscara ideal? A máscara ideal precisa cobrir completamente o nariz e a boca. Também é importante trocar a máscara a cada duas horas. “O ar que respiramos é úmido e isso molha a máscara. Se ela ficar muito úmida, perde sua eficácia de proteção”, explica o infectologista.

Por que quem não tem a doença não precisa usar máscara? O simples fato de usar máscara não protege a pessoa e ainda pode dar uma falsa sensação de segurança. “A contaminação não acontece só pelo nariz e pela boca. É possível se contaminar pela mão, pelos olhos e até pela roupa. Se você conversar por muito tempo e muito próximo a pessoas doentes, por exemplo, gotículas expelidas por essa pessoa podem ficar na sua roupa e ao toca-la, você pode se contaminar”, esclarece o Celso Granato.

O coronavírus pode matar? Sim, mas a taxa de letalidade é baixa. Varia de 2,3% a 4%. O óbito é mais comum em pessoas idosas – em especial acima de 80 anos – e pessoas.

Por que idosos e pessoas com doenças crônicas como doenças cardiovasculares e respiratórias e diabetes são grupo de risco? Essas pessoas já têm o sistema imunológico naturalmente comprometido e seu corpo tem mais dificuldade para reagir à sobrecarga causada pela infecção. No caso de pessoas com doenças respiratórias, o coronavírus ataca o pulmão e quem já tem o órgão comprometido corre um risco maior de complicações.

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Ao receber um pedido de comida em casa, qual a primeira coisa a se fazer? A orientação é limpar todas as superfícies, desinfetá-las com álcool 70%. Esse álcool tem melhor ação contra fungos, vírus, bactérias e o novo coronavírus. Então, ao receber a comida, tire-a da embalagem de transporte ou faça a higienização. Na sequência, lave suas mãos, se estiver em casa, mas se não estiver use álcool em gel. É importante fazer isso porque ainda não sabemos com exatidão quanto tempo o novo coronavírus dura em superfícies.

Parceiros sexuais que vivem na mesma casa e estão de quarentena podem ter relações? Nesses casos é indicado ter relações apenas se as pessoas envolvidas sentirem-se bem de saúde e não apresentarem sintomas característicos da infecção por Covid-19 (febre, tosse seca, coriza, dificuldades para respirar). Do contrário, a pessoa sintomática deve isolar-se e evitar todo tipo de contato (mesmo com parceiros frequentes). Aos casais saudáveis uma boa prática é tomar banho antes e depois da relação, evitar os beijos e, é claro, não espirrar nem tossir durante os momentos de proximidade. Pela falta de contato pode tornar-se uma relação mais mecanizada, mas trata-se da forma saudável de ter proximidade neste momento.

Como casais podem driblar a barreira da quarentena? Os casais podem aproveitar para estimular-se por vídeos, mensagens de aplicativos ou por ligação de telefone. Sempre, é claro, tomando os devidos cuidados para não ter um conteúdo íntimo vazado. Aos distanciados pode ser também também uma boa oportunidade para falar sobre sexo, dizer o que tem vontade, discutir a relação. Ainda que seja uma época delicada para ter relações, é um bom período para falar sobre o assunto, construir mais intimidade e sintonia entre o casal.

Relações casuais, com novos parceiros ou com pessoas que vivem em outras casas devem ser evitadas?  Pessoas nesses casos ficam expostas a muitos riscos, pois não é possível saber se o parceiro teve sintomas de Covid-19 ou não, se tem feito corretamente os procedimentos de higiene para evitar o vírus e se teve contato com uma pessoa infectada. É melhor esperar a epidemia passar para retomar a essas atividades. Caso o desejo sexual seja grande, é possível estimular-se sozinho com a ajuda por meio de mensagens, vídeos, revistas ou dos próprios pensamentos.

O presidente Jair Bolsonaro disse recentemente: “O vírus chegou, está sendo enfrentado por nós e brevemente passará”. Quando a epidemia vai acabar?  “Não é possível dizer isso ainda, é um vírus novo e estamos aprendendo sobre ele. Precisamos descobrir ainda se haverá tratamento específico, vacina.”, explica o infectologista Sergio Cimerman, diretor científico da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).

O presidente Jair Bolsonaro disse recentemente que “devemos voltar à normalidade”. Mantenho o distanciamento ou posso voltar às minhas atividades normais? Atualmente, o distanciamento social associado às boas práticas de higiene é a única forma de reduzir a propagação do vírus e evitar um colapso no sistema de saúde, como aconteceu na Itália. “Ninguém decreta esse tipo de medida confortavelmente, ela só existe porque foi comprovada cientificamente por meio de uma modelagem muito séria levando em conta a possibilidade de contato entre as pessoas. Isso vai refletir nos índices de contágio e no controle do vírus.”, diz o infectologista José David Urbaez, consultor de infectologia da DASA e diretor científico da Sociedade de Infectologia do DF.

As escolas devem ser abertas? Ainda não. Embora as crianças não sejam consideradas grupo de risco, elas não estão imunes à doença e ainda podem transmiti-la para pessoas com maior risco de complicações, como idosos ou pessoas com doenças prévias. “Quando falamos em fechar as escolas, estamos também levando em conta o imenso número de deslocamentos que envolvem esse processo:  pais, professores, motoristas, estudantes que pegam o transporte público. As crianças podem disseminar essa infecção, saindo da escola e levando para casa, onde podem estar pessoas muito vulneráveis. Essa medida é muito poderosa, uma vez que as crianças são vetores desse vírus. É claro que não adianta cancelarmos as aulas e deixá-las em casa com pessoas idosas. Nesse momento em que vivemos, é muito importante dizer que devemos mostrar o maior carinho e respeito com os idosos, eles construíram o que nós somos hoje e não podem pagar com a vida os efeitos dessa pandemia.”, explica o infectologista José David Urbaez.

Sempre me exercitei, não tenho nenhuma doença crônica e estou em boa forma física. Corro risco de pegar coronavírus? Sim. Explica o infectologista Sergio Cimerman: “Isso não faz diferença nenhuma. Ter histórico de atleta não te dará maior imunidade ao ser infectado pelo vírus. Há, inclusive, atletas que estão infectados e em isolamento.”

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