Coronavírus: mortes na Itália aumentam 57% em apenas um dia
A Itália se tornou neste domingo o segundo país mais afetado pelo novo coronavírus, atrás apenas da China
A Itália se tornou neste domingo (8) o segundo país mais afetado pelo coronavírus depois de o número de mortos subir para 366 e o de casos positivos da doença chegar a 7.375. Em apenas 24 horas, o número de mortes no país aumentou 57% – no sábado (7), eram 233 mortos. Entre os casos confirmados da doença, a maioria está na região da Lombardia, com 4.189 infecções e 267 mortes, informou o encarregado da Proteção Civil, Angelo Borrelli.
O balanço caiu como uma ducha d’água fria, visto que um quarto da população, mais de 15 milhões de pessoas, está confinada em uma medida sem precedentes tomada na Europa para tentar conter a propagação do coronavírus, que já contaminou 109.000 pessoas em todo o mundo.
O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS) elogiou as medidas corajosas tomadas pela Itália, qualificando-as de “verdadeiros sacrifícios”. As entradas e saídas da área estarão estritamente limitadas a partir deste domingo (8) até 3 de abril, segundo um decreto divulgado pelo governo durante a madrugada.
A medida afeta uma ampla região do norte da Itália, o coração produtivo do país e que vai de Milão, capital econômica, a Veneza, marco do turismo mundial.
A Itália tomou medidas similares às aplicadas em Hubei, província chinesa onde surgiu a epidemia em dezembro passado e onde foram isoladas em quarentena 56 milhões de pessoas.
Milão vazia, papa em vídeo e locais fechados
Na tentativa de conter a disseminação do vírus, a Itália impôs diversas medidas restritivas. Milão amanheceu deserta neste domingo, com as ruas vazias, o que gerou angústia e desconcerto na capital econômica da península e enquanto algumas pessoas se questionavam sobre o que se podia fazer, outras aproveitaram para deixar a cidade.
O papa Francisco apareceu pela primeira vez em vídeo para manifestar sua proximidade com os doentes em sua primeira oração dominical por streaming, uma medida exigida pela Itália para conter o vírus e evitar aglomerações.
Na pujante região da Lombardia e em outras catorze províncias foram proibidos todos os eventos culturais, esportivos e religiosos, assim como o fechamento de discotecas, pubs, escolas de dança e locais similares.
O medo de uma propagação que colocaria em xeque o sistema sanitário italiano é tal que também museus, teatros, cinemas e outras salas de espetáculos de todo o país fecharam as portas.
Primeiras mortes na América Latina e na África
No total, 99 países foram afetados pela COVID-19, doença provocada pelo vírus que já matou mais de 3.792 pessoas em todo o planeta, segundo o último balanço divulgado pela OMS neste domingo.
Na América Latina registrou-se a primeira morte: um homem de 64 anos, que faleceu em Buenos Aires (Argentina). O Egito anunciou um primeiro óbito em Hurgada (sudeste), o primeiro registrado na África pela epidemia. A Ilha de Malta e o Paraguai também anunciaram seus primeiros contágios. Nas Maldivas detectaram-se os dois primeiros casos, assim como na Bulgária.
A França, quinto país mais afetado, registra 16 mortos e 949 casos, enquanto a China anunciou neste domingo 27 novas mortes, elevando o total de óbitos no país a 3.097.
França e Alemanha proibiram reuniões com mais de mil pessoas e temem um rápido aumento dos casos.
Com mais de 7.000 contágios, a Coreia do Sul é o terceiro país mais afetado. É seguido do Irã, onde foram registradas 194 mortes e 6.566 contágios.
Nos Estados Unidos, com 19 mortes e 400 casos, o navio de cruzeiro “Grand Princess”, fundeado em frente à costa de San Francisco desde que foram detectados a bordo 21 casos de coronavírus, obteve a autorização para atracar na cidade vizinha de Oakland e seus passageiros vão desembarcar na segunda-feira.
Eventos cancelados
Diante da expansão do coronavírus, autoridades de meio mundo cancelaram eventos esportivos e adiaram manifestações, como a Maratona de Barcelona (Espanha), prevista para 15 de março.
Na Itália, o ministro dos Esportes, Vincenzo Spadafora, pediu a suspensão imediata da Série A de futebol. O Grande Prêmio de Fórmula 1 do Bahrein, previsto para 22 de março, será disputado sem público. A Hungria cancelou a realização da festa nacional de 15 de março em Budapeste. No Canadá foi cancelado o Campeonato Mundial de Hóquei sobre Gelo feminino.
Treze países fecharam suas escolas, deixando 300 milhões de estudantes em todo o mundo sem aula durante várias semanas. Em El Salvador, o presidente Nayib Bukele proibiu a entrada de pessoas provenientes de Alemanha, França, China, Coreia do Sul, Itália e Irã.
(Com AFP)