O Hospital Albert Einstein criou um documento com as melhores práticas e tratamentos para evitar que pacientes com câncer sejam expostos e tenham complicações com o novo coronavírus. Por fazer parte do grupo de risco, eles devem passar por cuidados especiais para evitar a contaminação e um agravamento do quadro. Para produzir o documento, uma equipe de mais de 20 médicos utilizou estudos realizados no mundo todo e disponibilizou uma orientação para ajudar a guiar equipes de saúde de todo o país.
A diretriz, obtida com exclusividade por VEJA, trata dos cuidados que os médicos devem ter com cinco tipos de tumor: o de pulmão, o de mama, o genitourinários (bexiga e próstata), os gastrointestinais (colorretais, pâncreas, estômago e esôfago) e os ginecológicos (ovário e útero). O estudo não trata de outros locais do corpo por ainda não haverem pesquisas conclusivas e não existir um consenso sobre quais os melhores tipos de prática.
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“É o primeiro documento feito sobre o assunto e que engloba o cuidado do paciente com câncer de modo completo, tratando sobre as áreas cirúrgicas, de radioterapia e de tratamentos sistêmicos”, afirma Fernando Maluf, oncologista do Hospital Albert Einstein e o responsável por conduzir a elaboração da diretriz.
Maluf explica que a equipe médica produziu o documento para oferecer um maior cuidado oncológico aos pacientes e minimizar a aglomeração em hospitais, já que existem formas de retardar os procedimentos ou de controlar medicamentos via oral para que eles não precisem sair de casa e, assim, não fiquem expostos a Covid-19. Se um paciente com câncer adquire o vírus, as chances de infecção e agravamento no quadro de saúde dele são muitos maiores.
“Fizemos um levantamento muito elaborado sobre o que foi publicado na literatura mundial. Temos exemplos de pacientes com câncer de mama que podem fazer um tratamento via oral e postergar a necessidade de cirurgia em três ou quatro meses. Para quem sofre com câncer de próstata, existem injeções hormonais que também podem adiar a necessidade de procedimento cirúrgico. Aí eles podem vir quando o pico da pandemia passar. O documento tem a finalidade de minimizar a necessidade de ida ao hospital enquanto mantém o patamar de cura”, diz Maluf.
Quem está em casa pode fazer consultas via telemedicina. A Associação Médica Brasileira (AMB) aprovou a utilização da tecnologia para evitar a aglomeração em hospitais em caráter emergencial. Assim, os pacientes podem continuar tendo o acompanhamento sem correr o risco de se expor ao coronavírus.
Sergio Eduardo Alonso Araújo, diretor médico do Centro de Oncologia e Hematologia do Hospital Albert Einstein e um dos profissionais responsáveis pela diretriz, explica que é importante o médico avaliar a condição de cada paciente individualmente pela consulta virtual para saber se há a necessidade ou não de ir a um hospital. “Se um paciente tem algum sinal de alarme, não deve retardar a investigação. Sintomas como anemia, fraqueza, dor abdominal, enfraquecimento. Um conjunto de sintomas grandes”, esclarece.
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No caso daqueles que já estão internados, os cuidados são ainda maiores. A orientação é restringir o volume de visitas e fazer uma checagem dos familiares, para saber se quem está entrando no hospital teve acesso a alguma pessoa infectada ou apresenta algum sintoma da Covid-19. As alas oncológicas dos principais hospitais do Brasil foram separadas das que tratam suspeitos e contaminados com o coronavírus e as equipes de saúde obedecem todas as recomendações para evitar o contágio.
“Hoje em dia vamos tomar até cafezinho de máscara. É importante que os pacientes não fiquem assustados, porque esses procedimentos de segurança se tornaram habituais”, conta Araújo.