É seguro dizer que todos se sentem exaustos eventualmente, mas já se perguntou quando o cansaço extrapola para a síndrome de burnout, também chamada de síndrome do esgotamento profissional? Gordon Parker, especialista em saúde mental e transtornos do humor, vem estudando esse fenômeno há anos e os resultados dessa extensa pesquisa foram publicados recentemente no livro “Burnout: um guia para identificar o esgotamento e os caminhos para a recuperação”, onde o pesquisador definiu quem são os mais afetados pela síndrome.
O estudo destaca alguns dos sinais de alerta e sugere que as pessoas que tendem a ser perfeccionistas são mais propensas a ter burnout. “Esse tipo resulta em excelentes profissionais, pois são extremamente confiáveis e conscientes”, avalia Parker. No entanto, perfeccionistas tendem ao esgotamento, pois estabelecem padrões irrealistas e implacáveis para seu próprio desempenho, que são impossíveis de cumprir.
Ao contrário do cansaço normal, quem sofre com a condição apresenta exaustão constante, disfunção cognitiva, às vezes conhecida como “névoa cerebral” e desconexão de seus amigos e familiares, bem como redução do desempenho no trabalho e nas tarefas domésticas. Não à toa, na última atualização da Classificação Internacional de Doenças (CID-11), ocorrida em janeiro do ano passado, a síndrome de burnout foi reclassificada passando a ser definida como um transtorno ocupacional. Ou seja, o trabalho em excesso pode gerar transtornos sérios na mente dos profissionais.
E de acordo com o International Stress Management Association, o Brasil é o segundo país com mais casos de burnout, atingindo cerca de três em cada dez trabalhadores.
Algumas ferramentas convencionais usadas para diagnosticar o burnout se concentram no estresse relacionado ao trabalho, no entanto, o especialista sugere que o impacto é muito mais extenso. “A maioria das pessoas pensa que o esgotamento é um problema laboral. Na verdade, descobrimos que o estresse vivenciado também em casa pode desencadear o esgotamento”, diz Parker.